Lawrence W.
Reed
Se você
acredita que o estado deve se aventurar em ousadas empreitadas mesmo sem ter
conseguido lograr qualquer êxito naquelas atividades bem mais simples e
humildes, então você é de esquerda.
A esquerda
defende um estado provedor e assistencialista não por causa de seu
"histórico de sucessos" (isso seria constrangedor), mas sim por causa
de suas boas intenções. "Queremos
ajudar o povo!", exclamam eles.
Para a esquerda
progressista, dado que as pessoas não são decentes e compassivas o bastante
para ajudar seus semelhantes que estão na aflição, a solução é eleger políticos
que sejam mais decentes e compassivos do que essas pessoas egoístas. Esses políticos, por conseguinte, irão
confiscar o dinheiro dessas pessoas egoístas — sob a ameaça de aprisionamento
caso haja resistência —, repassá-lo para uma custosa e ineficiente burocracia,
e gastar o que sobrar com os pobres, não para realmente solucionar o problema
da pobreza, mas sim para torná-lo perpétuo de maneira a criar uma dependência
sem fim. E tudo visando a ganhos
políticos e demagógicos.
E então os
proponentes do estado assistencialista irão se dar um tapinha
autocongratulatório nas costas e, com isso, aliviar suas pesadas
consciências. Eles irão orgulhosamente
bater no peito e se bendizerem por ter o monopólio da compaixão e ignorar os
destrutivos resultados de sua obra, rotulando de "reacionários" ou
"cruéis" aqueles que tiverem a audácia de apontar esses resultados.
Veja, por
exemplo, a saúde pública. O que logrou
esse programa caritativo? Histórias de
horror oriundas da medicina socializada são inúmeras e famosas. Doentes morrendo na fila, sem atendimento;
hospitais degradados; racionamento de remédios; consultas de rotina sendo
negadas e fila de espera de meses (ou mesmo anos) para cirurgias; uma taxa de
mortalidade que seria inaceitável na rede privada.
Mas nada disso
constrange a esquerda progressista, que segue adiante, impávida, em sua defesa
por ainda mais saúde estatal para os pobres.
Jamais espere que as notícias horrendas oriundas da saúde estatal façam
os progressistas repensar seu clamor por ainda mais governo na saúde.
O mesmo se
aplica ao calamitoso estado da educação pública, o qual, por mais que fracasse
e por mais que atrase os pobres, segue sendo objeto de clamores cada vez mais
intensos da esquerda.
O que dizer
então dos programas de transferência de renda, cujo dinheiro, em grande parte,
não vai para os pobres, que ficam com as migalhas, mas sim para os próprios
membros da burocracia que coordena todo o esquema, para os consultores, e para
as empreiteiras que constroem as moradias populares? Os pobres são maldosa e intencionalmente
transformados em uma subclasse perpétua, dependente do governo, para que
membros da burocracia e empresários ligados ao governo possam viver
confortavelmente bem à custa de todo o resto da sociedade. O estado assistencialista fez com que
praticamente não haja mais uma genuína mobilidade social. Os degraus mais baixos da escada foram
retirados em nome da compaixão.
Ser um
progressista significa jamais ter de pedir desculpas. Suas boas intenções valem mais que todos os
resultados efetivamente obtidos.
Isso nos leva a
uma pergunta muito mais fundamental sobre essas pessoas que defendem um estado
grande: como funciona seu processo de raciocínio? Ele é tão repleto de inconsistências,
falácias lógicas e noções duvidosas, que o resto de nós fica completamente sem
entender como funciona a mente dessas pessoas.
Premissas falhas, ilógicas ou contraditórias talvez possam ser a razão
por que elas frequentemente chegam a conclusões erradas.
Ao longo dos
anos, observei alguns atributos da mentalidade progressista que são, na melhor
das hipóteses, bem questionáveis. Eis
uma pequena lista de como essas pessoas agem e raciocinam:
1. Elas passam mais tempo promovendo a dependência do que
encorajando a autossuficiência.
2. Mentiras e promessas impossíveis não lhe causam
constrangimento, pois elas acreditam que os fins justificam quaisquer meios.
3. Elas acreditam que promessas valem muito mais do que
resultados efetivos.
4. Elas aglomeram e separam as pessoas em grupos e lhes
atribuem direitos fictícios de acordo com as características físicas e
comportamentais desses grupos.
5. Elas não aprenderam nada com a história e nada sabem de
economia.
6. Elas acreditam que afetações de emoção, frases de
efeito, slogans e gritos de guerra superam a razão e a lógica.
7. "Justiça social" é sua expressão favorita,
ainda que essa "justiça" seja conseguida por meio da expropriação da
renda alheia.
8. Elas exigem respeito à propriedade apenas quando a
propriedade é delas, mas não quando é sua.
9. Elas preferem lhe calar a entrar em um debate sério.
10. O indivíduo nunca é a minoria que elas dizem defender.
11. Quando alguém que discorda de suas idéias ganha alguma
proeminência na mídia, elas gritam que está havendo uma "onda
fascista".
12. Elas acreditam que um benefício social é um direito
inalienável, mas um salário obtido por meio do esforço próprio é algo que pode
ser confiscado para satisfazer o bem comum.
13. Quando suas políticas fracassam, elas não apenas não
assumem nenhuma responsabilidade por elas, como ainda exigem mais do mesmo.
14. Elas estão sempre ocupadas tentando controlar a sua
vida, mesmo quando a própria vida delas é totalmente problemática.
15. Elas alegam conhecer o futuro (por exemplo, qual
indústria deve ser protegida ou subsidiada) ao mesmo tempo em que não
demonstram nenhuma evidência de que conhecem o passado.
16. Elas desgostam da iniciativa privada não por ter sólidos
argumentos contra ela, mas sim porque não têm a mais mínima ideia de como abrir
uma empresa ou gerenciar uma.
17. Elas criticam indivíduos e empresas por não pagarem mais
impostos, mas elas próprias jamais fazem qualquer "doação voluntária"
para o governo.
18. Elas estão mal-humoradas e zangadas a maior parte do
tempo, encontram motivos para se fazer de vítima a qualquer palavra proferida,
não têm nenhum senso de humor, e não levam na esportiva nenhum tipo de piada
politicamente incorreta.
19. Elas alcançaram a perfeição na arte do jogo duplo: ao
mesmo tempo em que criticam tudo nos outros, se isentam de qualquer autocrítica.
20. Elas apelam ao que há de pior em nós ao enfatizar as
divisões raciais, ao estimular a guerra de classes, ao utilizar orientações
sexuais como ferramentas políticas, e ao comprar votos com o dinheiro dos
outros.
21. Elas têm um nível muito alto de expectativas e
exigências em relação ao setor privado e um nível muito baixo em relação ao
setor público.
Em seu livro A
Arte da Guerra, Sun Tzu aconselhou: "Conheça o seu inimigo, conheça a si
próprio, e você estará preparado para travar centenas de batalhas sem sofrer
nenhum desastre". Pode ser
verdade. Mas o que é garantido é que,
quanto mais você se dedica a estudar a mentalidade revolucionária dos
progressistas amantes do governo, mais difícil é realmente entendê-los.
Apenas ter
"boas intenções", como os progressistas juram ter, não basta. Coisas como razão, lógica, princípios morais,
evidências, resultados, história, experiência, realidade e fatos são igualmente
importantes.
Fonte: Mises Brasil