Por Anon,
Olá! Meu caro conservador?! Ao
longo destes anos, eu aprendi muito sobre o que é ou aquilo que venha a ser um
conservador. E veja bem! “Eu era um cara “moderninho” e, achava que sabia de
tudo, era metido a revolucionário, achava que tudo aquilo que já passou era
ultrapassado e careta, que os velhos eram cafonas e retrógados, aceitava
qualquer idéia nova sem refutá-la mesmo sabendo que ela não passava de uma
bolinha de sabão. Porém, infelizmente, eu não estava inteiramente só neste
grande barco, muitos fizeram como eu fiz e, assim, inevitavelmente, o mundo
mudou e ruiu!
Eu assumo os meus erros, sei
que naquela época fui um grande tolo e até confesso que, inocentemente, na
maior das boas intenções, estive do lado de lá e afiliado num destes partidos
socialistas. Minha avó bem que dizia: macaco velho não põe a mão em cumbuca!
Porém, não querendo simplesmente me justificar, eu era jovem ainda, fazia parte
de um mundo inocente e achava que as mudanças iriam trazer certas vantagens
para as “classes” mais desprivilegiadas. Só não entendo por que a oposição se
calou e entregou as ovelhas, eu entre elas, para os lobos gramscistas? Na
escola, e nas aulas de história, eu aprendia que os USA era azul, que a URSS
era vermelha e que ambos haviam derrotado o poderoso Adolf Hitler e a sua
terrível máquina de guerra: a Alemanha Nazista. O meu herói e de muitas outras
crianças mal informadas era, acredite, Josef Vissarionovitch Stalin, tínhamos
orgulho de saber o seu nome de cor! Bem, tudo isso pode ter sido por culpa do
imediatismo e até mesmo pela inocência filosófica dos nossos militares que
fizeram vista grossa e trocaram a nossa ideologia pelo comércio de batatas com a
Rússia. Portanto, por parte deles, eu não aceito desculpas; pois entregaram o
ouro para os bandidos e ainda pagaram o frete! Submeter todo um povo à
ignorância somente para obter os seus próprios fins temporários, deveria ser no
mínimo, um crime inafiançável. Fora isso, e além do mais, eu pensava que a
liberdade já estava conquistada! Viu só? Como eu era tolo?!
Sabe meu caro amigo
conservador?! Eu sempre digo que, há pelo menos uns vinte anos, o mundo perdeu
o seu chão e as pessoas estão à deriva. Não irei dizer que a Velha Ordem
acabou, pois atualmente, não existe uma Nova Ordem, mas sim uma nova desordem
em busca da inalcançável perfeição social. Digamos que a mentira prevaleceu
temporariamente, e assim, como mentira tem perna curta, curta? Desde 1985? Deve
ser as pernas do quase imensurável gigante Micromégas, permita-me usar o mesmo
veneno critico contra o manjado veneno de Voltaire que critica a velha e boa
Europa de sua época fazendo o uso de figuras fictícias e oriundas de longínquos
mundos externos e espantosamente perfeitos. Eu e você sabemos que não existem
revoluções, até porque para que haja uma simples evolução não se deve pular a
seqüência de cada degrau que nos leva ao topo; não se inventa uma moto sem
antes se inventar uma bicicleta, e nem por isso a bicicleta perde a sua
importância devido à invenção da motocicleta.
Lembro quando você me disse que
a monarquia foi e seria a melhor forma de governo. Tive que rir, mas redimo-me
e até peço sinceras desculpas! Como pude duvidar de alguém que sempre esteve
alheio a todo e qualquer tipo de ideologia? Como pude duvidar de você meu caro
amigo? Você, que nunca trocou o seu solo firme por um chão ilusório e
pantanoso?! Você sempre me dizia: Mais vale um pássaro na mão que dois voando;
e que mesmo para fazer uma mudança, deve-se saber aonde ir, como e quando, e
mesmo assim, a nova casa e o novo lugar têm que ser e ter evidentes vantagens
sobre a casa velha. Pois bem, os seus conselhos, eu não os segui; cai nas
ladainhas das teorias vis, troquei o livre arbítrio pelo determinismo. E foi
trocando tudo que era sólido e real pelo insólito e irrisório que eu e a
humanidade acabamos embarcando numa canoa social furada e vimos ao longe a
nossa liberdade se esvaindo paulatinamente enquanto afundávamos no profundo oceano
dos controles sociais.
Descobri tardiamente o que uma
mosca sente após ter quebrado o seu pacto de liberdade e caído estupidamente na
elaborada teia arquitetada astuciosamente pela paciente e dissimulada aranha. O
caminho errado pode estar numa simples escolha de um livro; e assim, enquanto a
sua alma conservadora, livremente, respirava Burke; a minha visão e até mesmo o
meu sexto sentido foram turvados pelas literaturas hegelianas, este tal de
Hegel já era comunista até nas fotos! É de dar medo! Aprendi muito com isso!
Saber o que se lê, saber o que se come, saber com quem e por onde se caminha,
seguir os mandamentos dos conservadores e os exemplos anteriores, seguir os
conselhos dos mais velhos cuja as mão estão calejadas e a almas lapidadas pelo ergo
e pelos sofrimentos inerentes à vida. Seguir os infindáveis exemplos dos
antepassados que durante séculos e séculos somaram os seus conhecimentos em
prol da sempre, sempre e sempre liberdade. Pois este é um estado em que somente
conseguiremos nos aproximar do seu estágio mais elevado através de constantes e
intermináveis lutas; temos que enfrentar e vencer um dragão todos santos dias!
Às vezes, eu tentava fazer uma
ligação entre você, meu caro conservador, e a igreja. Notei que você havia se
afastado das missas e das quermesses, Estaria a Santa Sé em dívida com os seus
preceitos? Estaria a casa “sagrada” jogando com dois times antagônicos e
esperando qual seria o resultado? Esquerda ou direita? Confesso que eu via
muitos padres com batinas vermelhas dando uma de Robin Hood! Fiquei sabendo de
muitos freis distribuindo foices e martelos entre as comunidades campesinas.
Mas tudo bem! O chão de um conservador é bem mais firme que o suscetível solo
de qualquer igreja! E se alguém almeja e consegue o poder com base na mentira,
os conservadores poderão destroná-lo, apenas desconhecendo-o. Mas também
devemos reconhecer que, independente de religião, há ainda no seio da igreja
muitos bons padres conservadores fãs incondicionais do de São Tomás de Aquino,
embora em sua obra intitulada Suma Teológica haja resquícios pelo seu apreço a
certas ideias que poderiam ser consideradas um esboço primitivo daquilo que
viria a ser a marca da besta do século XXI, com foice, martelo e tudo mais. Uma
questão de Método? Como era mesmo o que estava escrito? Roubar por necessidade,
pode? Ah, deixa para lá!
Outra de sua história que eu
não poderia esquecer foi quando você com seu instinto natural futurístico,
previsão mesmo! Retirou a sua poupança do banco, isso, dias antes do governo ter
confiscado o dinheiro de quase todo mundo. E você bradou! – Aquilo foi apenas
prudência! E este é apenas mais um dom daqueles que sabem ler os sinais: as
evidencias e as tendências. Aprendi muito desde então, aprendi sobre a
verdadeira economia baseada no padrão ouro; e que a partir do abandono deste
sistema monetário (estalão-ouro) e da adoção de um novo sistema de
curso-forçado em que o estado e os bancos começaram a falsificar dinheiro
(papel-moeda) a rodo, sem nenhum lastro, foi daí que a humanidade começou a
caminhar para a verdadeira era da incerteza. O Estado foi fortalecendo e se
estruturando sobre uma base falaciosa da economia keynesiana, tudo isto em
detrimento da liberdade do indivíduo que se tornou um contínuo refém da
servidão moderna.
Isto é mais uma prova de que
nem tudo que vem depois é necessariamente melhor daquilo que era antes.
Principalmente se não tiver uma base sólida, bem alicerçada no individuo ou
naquele que ergue, no trabalho ou naquilo que se planta e na colheita ou no
fruto do trabalho. Toda esta trindade moral nada mais é que: a propriedade
privada, e que sem ela não poderia haver ética e muito menos uma civilização. A
desigualdade existe, porém ela é salutar! Tentar nivelá-la é algo parecido, ou
o mesmo que transformar todos os homens em frangos de granja. A maior prova de
nossa compaixão não é através da esmola, mas sim através da oportunidade
estendida para aquele que nos procura. Devemos ajudar os náufragos somente, ou
até no momento deles se recomporem. Temos que recuperar o orgulho de comer
somente o fruto advindo do suor do nosso próprio rosto. Com exceção do maná,
nenhum alimento cai do céu! Vamos á luta do dia a dia, mas sem os companheiros!
Porque estes tipos de companheiros são sócios indesejáveis e acabam vivendo à
custa daqueles que trabalham...
O meu amigo conservador não está mais entre nós. Entretanto,
como sempre, ele deixou mais uma de suas frases, jargão que dizia mais ou menos
assim: “O conservador que não conserva é o mesmo que um refrigerador que não
refrigera; todo alimento acondicionado nele juntamente com o esforço que se tem
para produzi-lo deterioram e vão para o lixo”. Quanto a mim, bem! Aprendi que
nenhuma teoria ideológia é mágica e que a realidade é algo muito diferente do
mundo teórico surreal! E assim, continuo sendo um conservador que não
conservava, pois ainda não havia aprendido que: “quem não conserva acaba por
perder tudo aquilo que tem”. Anon, SSXXI
Para o triunfo do mal só é
preciso que homens bons não façam nada. Edmund Burke 1729 — 1797
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! Boa parte dos conhecimentos surgiu dos questionamentos.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.