“A nossa espécie é
a única espécie criativa, e tem apenas um único instrumento criativo: a mente
de cada homem”. Nunca nada foi criado por dois homens. Não existem boas
colaborações, quer em arte, na música, na poesia, na matemática, na filosofia.
Cada vez que o milagre da criação acontece, um grupo de pessoas pode construir
com base nela e aumentá-la, mas o grupo em si nunca inventa nada. A
preciosidade reside na mente solitária de cada homem.
E agora existem
forças que enaltecem o conceito de grupo e que declararam uma guerra de
exterminação a essa preciosidade, a mente do homem. “Através das mais variadas
formas de pressão, repressão, culto, e outros métodos violentos de
condicionamento, a mente livre tem sido perseguida, roubada, drogada,
exterminada”.
John Steinbeck, A
Leste do Paraíso
“Como todos sabem, o
social é o inimigo. Origina-se a força do social sempre da inveja ao
individual. A vida social sensaboriza, descora e esgota o pensamento,
banaliza-o e materializa-o. Transforma o ser em algo de verbal e falso e
obriga-o a discutir, a se defender e atacar. Distancia-o amiúde do centro de si
mesmo. Como se abolisse o indivíduo, ela empresta toda sua força ao
amor-próprio e sai em busca dum território comum a todos, que há de ser ou a
opinião, isto é, o mundo, ou a intimidade de Deus. É inata ao grupo a abolição
de toda comunicação possível entre homens, pois a comunicação se trava entre
indivíduos e se dá para além do grupo, no universal.Existem apenas duas formas
de comunicação: a amizade e o amor. Mas é inato ao grupo excluí-las. Sob a
forma duma presença anônima, pesada e odiosa, o coletivo me esmaga. Perde tempo
quem queira conciliá-lo com a existência da pessoa e com as relações
interpessoais, pois o coletivo é a negação das duas, é força que exalta o
corpo, mas oprime a alma. Apenas em sociedade encontram o seu arrimo o
materialista e o ateu, apenas em solidão o espiritual e o religioso. Somente a
comunhão dos solitários é a verdadeira. Eis o paraíso, em oposição à comunidade
das massas, em que se atritam os corpos ou em conjunto emitem os mesmos gemidos.
Evitai o comunismo e até a comunidade, que obrigam os homens a comunicar apenas
o lado mais banal de si mesmos”.
Louis Lavelle
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