O livro de
Peter Kreeft é mais que um chamado à realidade, é uma convocação dos cristãos
para a guerra.
A sociedade
está em crise, e esta é uma constatação inescusável para qualquer um que se
proponha a examinar o mundo à sua volta. Há a banalização da violência e a
disseminação da criminalidade. No entanto, o que mais atormenta as pessoas são
as questões sociais e culturais, a reformulação dos valores e da moral. Este
movimento não é espontâneo. Não é fruto do “progresso” ou consequência do
“desenvolvimento”. É o resultado de uma verdadeira guerra.
Como Vencer a Guerra Cultural é um chamado à realidade. Peter Kreeft
- professor de filosofia do Boston College e do King´s College - alerta os
incautos e desavisados, os iludidos e conformados, sobretudo os cristãos, que
insistem em proclamar paz, paz, paz: estamos em uma guerra e diante de um
exército da destruição. Milícias revolucionárias que – tomadas por um surto
psicótico de autodivinização - reivindicam poder para destruir as estruturas
sociais – a moral judaico-cristã, denunciada como a fonte e a origem da
injustiça e do mal - para erguerem um “novo mundo” das ruínas e dos escombros.
O livro de
Peter Kreeft é mais que um chamado à realidade, é uma convocação dos cristãos
para a guerra. Os católicos são “pacíficos”, porém, não “pacifistas”, advertia
o Papa Paulo VI. Não devem aceitar tudo e qualquer coisa sob o pretexto da
“paz” e do “amor”, porque amor também é “luta”. Basta olhar o amor de um pai e
de uma mãe pelo filho para reconhecer que ele é uma guerra contra o ódio, a
deslealdade e o egoísmo. Não há amor sem odiar o mal – e o maligno - e sem o
compromisso com a verdade.
Trata-se de uma
guerra espiritual travada no campo de batalha cultural. A lei de Colson –
exposta em um diagrama lógico que envolve “Comunidade” versus “Caos” e
“Consciência” versus “Polícia” - é um esquema útil para compreender os
termos deste conflito. É importante identificar o “inimigo”, mas também os seus
colaboradores. Por isso Kreeft denuncia os “especialistas” e “intelectuais”,
que ele chama de “experts”. São agentes que ocupam centros de ensino e
universitários, a mídia e a imprensa. Suas armas são artifícios retóricos e
pseudofilosofias, utilizados para justificar a “transformação da sociedade” e
impor todo tipo de absurdo: desde o aborto – o assassinato de crianças - à
revolução sexual gayzista-feminista, o vício das drogas, etc.
Neste conflito
o cristão não está desamparado. Ele tem um poderoso estímulo para lançar-se ao
combate: o dever de santidade. Seus modelos são os santos e o próprio Filho de
Deus. Kreeft desconstrói a imagem “pacifista” de Jesus Cristo, forjada para
domesticar os cristãos e que contrasta com Aquele que advertiu: “Mas qualquer
um que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora
que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no
mar” (Mc 9, 42). Quanto aos santos, não, eles não são ascetas que abandonaram o
mundo para uma vida na estratosfera:
“[...] os
santos amam a verdadeira paz. Eles também odeiam a falsa paz, a paz baseada em
mentiras. Os santos odeiam a violência e a intolerância para com os pecadores.
Mas eles odeiam também a tolerância ao pecado. Os santos amam mais os pecadores
e menos os pecados do que todas as outras pessoas. Essas duas excentricidades
confundem as pessoas e, não raro, as ofendem” (p. 130).
É uma guerra
com a espada trazida por Cristo, que separa, de um lado a pessoa, inviolável,
mas do outro o pecado – intolerável em pensamentos e palavras, atos e omissões.
Kreeft adverte.
Na guerra denunciada não está em jogo apenas a “sociedade”. Estão em risco
sobretudo as almas (p. 136). almas conformadas ou que se degradam
alimentando-se com uma cultura da morte, com uma “espiritualidade” pueril. Que
investem em uma felicidade forçada e em uma paz fingida. Elas podem estar
decidindo a sua eternidade ao disseminar o mal, enquanto muito insistem em
escondê-lo ou negá-lo. Para estas almas, mas também para as que preenchem as
fileiras do combate, um anúncio sobre a sua condição: “a estrada do paraíso
perdido até o paraíso reconquistado está encharcada de sangue. Bem no centro da
história está uma cruz – um símbolo de conflito mais do que qualquer outro” (p.
23). O livro de Kreeft é edificante, porque mostra a dignidade de percorrer
este caminho.
KREEFT, Peter.
“Como vencer a guerra cultural”: um plano de batalha cristão para uma sociedade
em crise. Tradução Márcio Hack. Ecclesiae: São Paulo, 2011.
Leia outros
livros de Peter Kreeft: Sócrates Encontra Marx, Sócrates Encontra Descartes, Sócrates
Encontra Sartre, Sócrates Encontra Hume, Sócrates Encontra Maquiavel.
EXCELENTE COLOCAÇÕES...
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