Bjorn Lomborg professor da Copenhagen
Business School: a utopia e o marketing estão num lado, mas a realidade está no
outro.
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Nem do
entusiasmo com os peixes fritos numa praia do Uruguai, recém-descidos das
barcas dos pescadores. Nem do “bife de tira” numa fazenda argentina. Nem...
Nem...
Positivamente
não sou de comida enlatada, congelada, repleta de conservantes, corantes, e
muitas outras químicas incompreensíveis que enchem as prateleiras dos
supermercados, inclusive dos melhores e mais caros.
Por isso, num
primeiro momento meu movimento instintivo foi favorável à “comida orgânica”,
apesar de seu preço inacessível para mim.
Resisti a
prestar ouvidos a uma espontânea objeção: a turma verde apronta tantas que,
quiçá, quiçá... nos sedutores produtos que oferecem, poderia haver “gato
encerrado”, como diz o desconfiado espanhol.
Ainda quero
sonhar. Mas sonho é sonho, e realidade é realidade.
E o reputado
cientista Bjørn Lomborg me puxou para a realidade.
Ele também quer
uma alimentação mais saudável. Mas foi estudar e descobriu, para meu pesar, que
os “alimentos orgânicos” oferecidos como mais nutritivos, que fazem sofrer
menos os animais e protegem o meio ambiente, são antes de tudo um golpe de marketing.
O professor
adjunto da Copenhagen Business School explicou-o em artigo para o jornal
londrino “The
Telegraph”.
Ele contou que,
em 2012, o Centro para uma Política
Saudável da Universidade de Stanford, Califórnia, realizou a maior
comparação já feita entre alimentos vendidos como “orgânicos” e os
convencionais.
E a conclusão
foi que não se encontrou “uma prova
robusta de que os orgânicos sejam mais nutritivos”.
“Os estudos científicos não mostram que
os produtos orgânicos sejam mais nutritivos nem mais seguros de que os
convencionais”, insiste o estudo.
Tampouco que os
animais criados em “granjas orgânicas” são mais saudáveis, e isto na maioria
dos casos. Essa conclusão foi a mesma de um estudo de cinco anos feito nos EUA
e referido pelo cientista dinamarquês.
Também o Comitê Científico Norueguês
para a Segurança Alimentar não achou “diferenças no índice de doenças”: os
“porcos e aves orgânicas podem ter mais acesso a áreas abertas, mas apresentam
maiores índices de parasitas, fatores patógenos e predadores”.
Nem mesmo as
abelhas criadas “organicamente” passam melhor.
Lomborg aponta que a “agricultura orgânica” como ela é hoje não passa de um “produto” vendido para quem quiser comprar propaganda.
Afirma-se que consome menos energia, emite menos gases estufa, etc., etc. Porém requer uma área cultivável 84% maior e, no fim, acaba produzindo quase a mesma quantidade de gases-estufa, para mencionar um exemplo.
Lomborg aponta que a “agricultura orgânica” como ela é hoje não passa de um “produto” vendido para quem quiser comprar propaganda.
Afirma-se que consome menos energia, emite menos gases estufa, etc., etc. Porém requer uma área cultivável 84% maior e, no fim, acaba produzindo quase a mesma quantidade de gases-estufa, para mencionar um exemplo.
Para produzir
organicamente os alimentos que consomem hoje, os EUA precisariam aumentar a
área explorada numa extensão que equivale a erradicar os parques naturais e as
reservas em 48 de seus Estados.
Alguém poderia
objetar que os alimentos orgânicos pelo menos dispensariam os pesticidas. Mas
Lomborg mostra que isso é um engano: a “agricultura orgânica” usa pesticidas
“naturais” que ele menciona e que causaram doenças, incluída a leucemia, nos
agricultores.
O cientista
dinamarquês concede que os alimentos convencionais têm maior contaminação com
pesticidas. Mas ela, sublinha, é muito reduzida.
A Divisão de
Toxicologia do US Food and Drug Administration, concluiu que todos os
resíduos de pesticidas convencionais poderiam causar 20 mortes anuais extras
por câncer nos EUA.
Muito? Esse
número é pálido se comparado ao impacto na mortalidade caso os EUA como um todo
passarem para a “agricultura orgânica”.
O Prof. Lomborg
explica esta conclusão, surpreendente à primeira vista.
O custo dessa
transformação ficaria em algo como 200 bilhões de dólares anuais. Com esse
dinheiro poderiam ser construídos hospitais, serviços de segurança social,
escolas e infraestrutura, que teriam grande impacto na melhora das condições de
vida e na redução das taxas de mortalidade.
As pesquisas
apontam que uma redução do PIB em 15 milhões de dólares “estatisticamente”
custa uma vida, porque na retração econômica a população gasta menos na saúde e
reduz a compra de alimentos de boas marcas.
Em pratos
limpos, nos EUA a transformação da produção alimentar convencional em
“orgânica” matará 13.000 pessoas por ano.
Na Grã-Bretanha
a mesma transformação custará anualmente 22 bilhões de libras esterlinas e mais
de 2.000 mortos extras por ano.
A utopia agroecológica mal consegue se
sustentar. A produção 'orgânica' atual apela para recursos que teoricamente
aborrece mas são produtivos e dão muito retorno.
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Essencialmente,
o “alimento orgânico” como é oferecido
hoje serve para as pessoas ricas se exibirem gastando seu dinheiro extra.
Da mesma
maneira que o gastam em férias e divertimentos que as posicionam na elite do
jet-set mundial, como se essa fosse uma categoria moral superior.
Em resumo,
Lomborg diz que os “alimentos orgânicos” que se encontram por aí não são mais
saudáveis, nem mesmo melhores. Aplicar a “agricultura orgânica” em grande
escala custará dezenas de bilhões de dólares, multiplicará os danos ambientais,
erradicará florestas globalmente e aumentará as mortes em muitos milhares.
A famosa
estilista Vivienne Westwood, ambientalista ardida, exclamou com fastio que o
pessoal que não consegue pagar “alimentos orgânicos” deveria “comer menos”.
Para Lomborg,
esse slogan patenteia uma insensibilidade moral revoltante muito típica do jet-set
verde. Quem está com fome ou não pode pagar a comida que precisa deveria
ter acesso a alimento mais econômico.
E esse objetivo
humano básico não será atingido com a “agricultura orgânica”.
Concluindo o
artigo de Lomborg, fiquei tomado pela impressão de que nessa “agricultura
orgânica” há “gato encerrado”. Algo que cheira a MST.
Voltei-me para
uma coleção de iluminuras mostrando uma encantadora produção agrícola numa
natureza digna de quadro de Fra Angélico: monges medievais transformando a
natureza numa imagem do Paraíso.
E pensei:
organicidade só é felizmente realizável onde há verdadeira moral. E voltei
minhas costas para o marketing verde.
*Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista
de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs
Fonte: Verde a cor nova do comunismo - aqui
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