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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

ESCASSEZ

Por Russel Shannon


Nosso professor de economia entra na sala. Andando para o púlpito, ele abre suas anotações, sorri para os estudantes e diz uma única palavra: “escassez”.

Não, não é o nome de uma música cantada pelo Bee Gees. Não, não está gravado no seu trenó de infância. Não, não é a palavra secreta, então nenhum pato desceu e entregou 100 dólares, como acontecia no programa de TV do Groucho Marx, “You Bet Your Life.” Nosso professor apenas chamou atenção para a essência de seu curso.

Escassez confronta pessoas desde o Maine até Miami, de Connecticut até a Califórnia. Na verdade, canadenses, cubanos, colombianos, checoslovacos, cambojanos e chineses dividem o mesmo destino. Pessoas tão diferentes podem escolher lidar com a escassez de diferentes formas, mas a escassez é persistente, um problema universal que ninguém pode enganar. Como o ar, escassez está em todo lugar.

Mas o que significa escassez? “Fico feliz que tenha perguntado”, nosso professor perguntou, “porque planejo dizer de qualquer forma”. Como ele aponta, escassez compreende dois aspectos conflituosos e integráveis: desejos humanos ilimitados e recursos limitados. “A partir destes fatos,” diz ele, “podemos concluir que a felicidade é ilusória. Não podemos satisfazer todos os nossos desejos. Somos todos forçados a escolher. Por isso nós chamamos a economia de ‘triste’”.

O que devemos escolher? Como devemos encarar fazer escolhas? Primeiro devemos entender a essência fundamental da escassez. Então as respostas para estas perguntas simplesmente saltarão para nossas mãos.
Considere suas próprias vontades. O que apareceria em uma lista de todas as coisas que você gostaria de ter? Provavelmente comida, roupas, livros, viagens; talvez futebol, flores, móveis, amigos. Mas a lista continuará crescendo, e se amanhã ou em outro dia te mandarem fazer a lista novamente, provavelmente será ainda mais longa.

Lembre-se de quando você era uma criança, 20, 30, 40 ou mais anos atrás, e alguém te perguntasse seu desejo de Natal? Provavelmente você desejava uma boneca ou um relógio, talvez uma roupa nova, um brinquedo ou uma bicicleta. Mas para muitas crianças modernas, nenhum trenó pode transportar tudo o que elas querem. Agora, apenas uma panóplia irá satisfazer!

Lembra-se de sua reação ao primeiro grande salário? Suas receitas subitamente cresceram de uma mísera mesada semanal para milhares de dólares por ano. Você pode ter imaginado “Como irei gastar tudo isso?” Mas agora – Oh, como você poderia ganhar mais! George Stigler já referenciou Thomas Malthus, escrevendo que “ele não negou categoricamente a insatisfação dos desejos humanos, nem houve nenhum economista casado desde seu tempo…” Nossa lista de desejos é realmente ilimitada – e continuamente crescente. Mas existe mais nessas listas do que tamanho, também há a variedade.  As vontades de cada indivíduo são diferentes.

Suponha que você peça pra cada membro de um grupo uma lista de desejos. Compare as listas quando estiverem prontas. Podem haver itens em comum, hambúrgueres, camisas, ingressos pro cinema, livros. Mas a lista de cada pessoas será única. Alguns irão preferir maionese, camisa de botões, “Alien” e “Overload”. Outros preferem ketchup, camisa polo, “Hair” e “O zen e o Art of Motorcyle Maintenance. Certos itens podem aparecer apenas uma vez. Como impressões digitais ou flocos de neve, nenhuma lista de desejos humanos está apta a parecer com outra.

Roger J. Williams e as Variações Individuais

A base desta incrível diversidade de desejos foi explorada há não muito tempo por Roger J. Williams, um químico da Universidade do Texas. O artigo dele foi impresso em um livro chamado “Ensaios sobre Individualidade”; editado por Felix Morley, foi recentemente republicado no Liberty Press de Indianápolis.

Williams cita, por exemplo, que em pessoas normais a largura do intestino delgado pode variar de 11 a quase 30 pés. Glândulas tireóide variam de 9 a 50 gramas em peso. Nossos ossos e até nossos sucos gástricos são enormemente variados. Uma laranja pode nem sempre ser doce, e não existe tal coisa, reforça Williams, como uma anatomia “média”.

Shakespeare disse em Hamlet: “Que obra de arte é um homem!… Quão infinito em faculdades!” Ele soube, também, que nossos desejos humanos e materiais são tanto infinitos quanto variados. Podemos admirar o músico tanto por suas rimas como por sua habilidade de argumentar.

Mas nosso professor de economia nos fez pausar. “Diante de todos estes desejos diversos,” ele diz novamente, “nós somos confrontados por um fato triste, forte. Simplesmente não podemos ter ou fazer tudo. Nossos sistemas de transporte e comunicação alcançam todo o globo, mas ainda são inadequados. Nossos dias são poucos e curtos. Andrew Marvell lamenta, ‘Se tivéssemos mundo suficiente, e tempo!’ Mas não temos. Então precisamos escolher.”

Mas quem devia escolher? Qual o caminho mais eficiente para decidir o que é melhor? Devemos deixar nossas escolhas serem feitas primariamente em bases individuais, no “mercado”, como estamos inclinados a fazer aqui? Ou devemos ter um comitê centralizado coordenador ou algo do tipo para nossas escolhas cruciais?

Certamente um comitê não poderia compreender a vasta variedade de desejos humanos. Seria inevitável ignorar as peculiaridades de cada indivíduo. Seria melhor se todos comêssemos e nos vestíssemos da mesma forma e todas as casas parecessem a mesma? E se todas as nossas roupas fossem marrom, todas as nossas casas fossem de tijolos, e se o único vegetal permitido fosse brócolis?

Alguns podem dizer que gostam desse jeito, mas ignoram certas partes cruciais. Primeiro, nos países onde escolhas centralizadas prevalecem, como Rússia e China, os padrões médios de vida são piores que os nossos. Oportunidades são menores. Problemas ambientais crescem. A vida fica monótona.

Os Resultados da Escolha

Por que permitir mais espaço para escolhas individuais causa melhores resultados? Reconsidere nossos recursos. Apesar de serem realmente limitados, também são variados. Mais importante, como nossos desejos, eles podem se expandir!

Roger Williams também cita o alcance das opções humanas. Diferenças musculares como as do polegar, diz ele, permitem, promovem ou impedem um amplo número de atividades desde cirurgia no cérebro até fazer relógios ou surrupiar bolsos. Alguém com excelente potencial para desenvolver uma grande voz pode acabar cantando ópera, ou tiroleando! Fala sobre variedade de recursos!

Mas também nota a expansão de recursos. Por exemplo, nossos fazendeiros se tornaram tão produtivos que um fazendeiro nos EUA alimenta aproximadamente 60 pessoas. Apenas 4% de nossa população trabalha diretamente em cultivar a terra. Certamente não foi sempre dessa forma. Na verdade, em muitos cantos do mundo, não é assim nem mesmo agora. Em certos lugares, a maioria das pessoas trabalha em fazendas, pois um fazendeiro alimenta muito menos pessoas. Em alguns lugares, o espectro Malthusiano da fome ainda persegue o país.

A expansão de recursos

Wilfred Beckerman, economista de Oxford, oferece um exemplo similarmente dramático de expansão de recursos em seu livro, “Two Cheers for the Affluent Society”. Era uma vez, diz Beckermen, em que bens de alumínio eram produzidos apenas para os mais ricos. Agora usamos alumínio para fazer bugigangas comuns e bens descartáveis. Alumínio foi do tesouro para o lixo.

“Ou”, diz nosso próprio professor de economia, “pense no gás natural. Em 1955 nossas reservas oficialmente eram de 22,5 trilhões de pés cúbicos. No mesmo ano, gastamos 9 trilhões de pés cúbicos. Aritmética simples nos diz que, neste ritmo, não haverá o suficiente para aquecer nossas casas neste inverno. Mesmo assim, apesar da previsão frígida, em 1976 nós gastamos 20 trilhões de pés cúbicos, e nossas reservas restantes estavam em 216 trilhões de pés cúbicos. Onde neste planeta conseguimos todo esse gás?”

Com certeza, nenhum dinossauro morreu recentemente. O gás esteve ali o tempo todo. Mas o gás como um recurso econômico não é apenas uma questão física, mas também mental. É uma função da mente humana. Por exemplo, descobrimos reservas subterrâneas desconhecidas, como no Alasca. Também desenvolvemos novos métodos de extração de recursos, como forçar vapor no solo. E também desenvolvemos melhores métodos de utilizar recursos, como novos motores de automóveis que melhoram muito a quilometragem da gasolina. “Conhecimento”, escreveu Erich Zimmerman, “é realmente a mãe de todos os outros recursos”. É no fértil útero de sua mente que o homem desenvolve seus recursos.

“Talvez este possa ser um pouco fora da compreensão de um economista”, diz nosso professor, “mas me permitam lembrá-los do primeiro grande ato da Criação. É contado a nós em Gênesis, e vocês certamente se lembram do acontecimento final daquele ato, a criação do próprio homem”.

“Qual a natureza do homem? Recebemos uma pista dada pelo escritor de Gênesis, que nos diz que Deus criou o homem ‘a sua imagem’. Com certeza, não somos o mesmo que Deus; temos uma mera ‘similaridade’. Homens não podem criar um universo inteiro. Mas assim como Deus teceu com seu grande poder e extraordinárias habilidades, também pode o homem com sua ‘similaridade’ criar e expandir seus recursos. Quando o faz, ele pode satisfazer melhor seus diversos e crescentes desejos”.

Jacob Bronowski cuida do mesmo assunto de forma diferente, mas igualmente impactante. Em The Ascent of Man. Como a natureza em si, Bronowski diz, “o homem se tornou o arquiteto de seu próprio ambiente… Seu método foi seletivo e aprofundado: uma aproximação intelectual onde a ação depende da compreensão”. A maravilha e magnificência das habilidades criativas humanas podem emergir sob a ótica da teologia e da ciência, assim como da economia.

O Mecanismo do Mercado

Então o que é o mecanismo social mais útil para o desenvolvimento das habilidades e recursos humanos? Certamente um mercado aberto e livre tem muito a oferecer. Afinal, nenhum comitê estatal foi necessário quando faltou lenha na idade média e a humanidade recorreu ao carvão como fonte de energia. Similarmente, quando procuramos prospecções de petróleo no século passado quando o óleo de baleia passou a se tornar cada vez mais escasso, nenhum representante de um Departamento de Energia pairava sobre Edwin Drake em Titusville.

“Muito do que nosso governo faz,” diz nosso professor de economia, “é simplesmente restritivo. Constantemente as políticas do governo desencorajam a competição, impedem mudanças, fixam preços, limitam importações, exigem licenças, estipulam precedentes e reduzem opções. As mentes e motivos dos homens são normalmente estreitas, incubadas e confinadas. Observe o que isso resultou: nossa taxa de crescimento econômico é tão lenta que invejamos as lesmas.”

Devemos nos lembrar, ou nosso economista poderia complementar, que a humanidade pode não apenas criar, também pode mobilizar. Considerando os recursos que os homens têm agora, precisamos decidir o melhor uso para eles. Mas nenhum homem pode citar todas as opções disponíveis. Apesar de admiravelmente bem intencionado, em seu conhecimento individual limitado, ele está destinado a erros ocasionais.

Nosso ex-secretário de Energia, James Schlesinger, demonstra claramente este fato. Sem dúvidas ele é um homem bem educado, altamente informado e trabalhador. Ainda assim, enquanto Secretário de Energia, ele impediu que petroleiras comprassem petróleo no mercado local. Então ele exigiu que elas se aumentassem as capacidades de estocagem para assegurar suprimentos suficientes para o inverno rigoroso que viria.

Se deixadas sozinhas, o que as gigantes companhias petrolíferas fariam? Para elas, a palavra sigilosa é lucro. Para nós, a tragédia é que elas não receberam permissão para persegui-la. Para algumas destas gigantes, haveriam amplos incentivos para ofertar mais combustível para o inverno. Mas outras companhias podem ter melhor prospecção em lucrar investindo em combustíveis automotivos. Com tomadores de decisão numerosos e dispersos, os problemas com gasolina no verão passado teriam sido menos severos.

Os problemas herdados nos comandos governamentais emergem ainda mais fortes quando o governo tenta distribuir diesel. Num primeiro momento, fazendeiros receberam prioridade. Esta parece uma decisão sensível, já que comida é essencial a todos, independentemente de raça, credo, gênero ou status financeiro. Sem combustível adequado para fazendeiros, o que iremos comer?

Mesmo assim, Meg Cox reportou no the Wall Street Journal, em 25 de maio de 1979, um notável, porém não recordado, desenvolvimento agrícola. Alguns fazendeiros passaram a pular o arado e plantavam “direto em cima da colheita do ano anterior”. Há algumas dificuldades próprias dessa técnica, mas aqueles fazendeiros que poderiam lidar precisam de um galão de combustível por acre, ao invés de cinco galões necessários para o plantio comum. Esta foi uma economia de combustível de 80%!

Obviamente, então, a demanda por combustível de alguns fazendeiros pode responder aos preços crescentes e disponibilidade limitada. Considerando tal incentivo, alguns fazendeiros certamente teriam menos para trabalhar. E ai?! Mais diesel estaria disponível para caminhoneiros. Poderíamos ser poupados de atiradores mirando nossas rodovias. E a comida que os fazendeiros cultivavam não seria deixada para apodrecer no campo. Pagamos um preço alto, de fato, para permitir que as decisões econômicas fossem mais centralizadas.

Competindo para Servir

Permitir competição livre e aberta parece ser um caminho seguro e certo de satisfazer os diversos desejos da humanidade. De fato, muitas das colheitas de nossos fazendeiros foram salvas, porque as ferrovias foram ao seu resgate. Na hora certa, a remoção das regulações feita pela Comissão do Comércio Interestadual permitiu que trens transportassem a produção pelo país no “Expresso da Tigela de Salada”. Este é um impactante testemunho das maravilhas do livre mercado.

A capacidade humana de consumir pode ser infinita. Com o devido tempo, suas capacidades de produção podem ser similarmente ilimitadas. Mas o conhecimento de um homem tem limites. Foi a presunção de conhecer tudo, conhecer o fruto da árvore do conhecimento, que privou o homem da abundância do Éden. Mesmo agora, nossa crença arrogante de que todo o conhecimento e sabedoria podem residir em um único indivíduo, ou em um belo grupo de oficiais do governo, nos nega a prosperidade que poderíamos criar.

“O que devemos fazer?” nosso professor de economia pergunta. “Primeiramente, vamos reconhecer o enorme tamanho e diversidade dos desejos humanos. Então lembrar das conquistas inovadores das pessoas no passado, nossos Franklins, Edisons, irmãos Wright, Bor-dens, Swifts, Sears, Woolworths e nossos Walgreens. Então restaure e reforme o sistema que evocou seus esforços para que novamente rivalizemos com suas conquistas.

“Se estamos fadados encarar uma crise energética e os outros problemas de escassez da forma mais construtiva e criativa, então teremos que cortar as amarras impostas pelo governo. Vamos garantir às pessoas o poder de trabalhar por suas próprias preferências. Vamos permitir um sistema aberto de livre mercado. Se pudermos fazer apenas isso, então a escassez será menos opressiva, nossos horizontes serão expandidos com uma multidão de novas oportunidades e nosso futuro será muito mais brilhante”.

E dizendo isso, nosso professor novamente sorri calorosamente para a turma, pega de volta suas anotações espalhadas e anda lentamente pela porta aberta.

Fonte: Artigo originalmente publicado em: https://fee.org/articles/scarcity e traduzido pela equipe do Grupo Domingos Martins. Quer saber um pouco mais sobre Russel Shannon, aqui no Café Hayek,  Outros artigos deste economista, aqui no FEE 
 
 Retirada - Elomar Figueira Melo

Enfrentar a escassez com o conhecimento e criatividade, permitidos apenas pelo livre mercado, ou bater em retirada, votando com os pés. Anon, SSXXI

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