Se o eleitor comum é irracional, nós teremos que enfrentar as
consequências.
Há
uma eleição à vista. Será que os eleitores sabem o que estão fazendo? De acordo
com o economista mais comum – e vários cientistas políticos – a resposta é
“Não, mas isso não importa.” Como isso poderia não importar? O principal
argumento é que os erros do público se anulam mutuamente. Por exemplo, algumas
pessoas subestimam os benefícios da imigração, e outras superestimam os
benefícios. Porém, enquanto a crença do eleitor médio for a verdadeira, os
políticos ganham ao promover políticas imigratórias baseadas em fatos.
Essa
história é boa de se ouvir, mas será que ela é correta? Será que as crenças do
eleitor médio são verdadeiras? Em meu livro The Myth of the Rational
Voter [O Mito do Eleitor Racional], lançado pela Princeton University
Press, analiso um corpus significativo e concluo que,
definitivamente, a resposta é "não". Como mariposas em torno de uma
lâmpada, os eleitores gravitam em torno de alguns enganos. E seus erros não se
anulam: eles se combinam.
Em
meu livro, e nesse ensaio, concentro-me nos enganos do público em relação à
economia. Em parte, faço isso por ser economista, porém, principalmente, faço-o
porque a economia é um exemplo bem claro de um assunto que é politicamente
importante (“é a economia, seu burro”), mas que é ainda pouco compreendido.
Desconfio que os erros dos eleitores estendem-se para muito além da economia. Já
existem provas convincentes de que a maior parte do público possui crenças
pouco fundamentadas a respeito de toxicologia e câncer. Em política externa,
igualmente, temos o efeito “reunião em torno da bandeira”, a tendência do
público de apoiar guerras assim que são declaradas. Mas mesmo que o eleitor
médio compreendesse cada assunto nãoeconômico, os enganos sobre a economia, por
si, já seriam um problema sério para a democracia.
Identificando
os enganos
Suponha
que um acadêmico defenda que a crença dos eleitores em relação a X seja
verdadeira, e outro negue essa afirmação. Para esse debate fazer sentido, ambos
os lados devem afirmar possuir conhecimento sobre (a) o que o eleitor médio
acredita, e (b) qual crença é a correta. Como podemos compreender esse tipo de
disputa?
É bem
fácil compreendermos em que o eleitor médio crê. Existe fartura de boas
pesquisas. A parte difícil é compreendermos como “ranquear” as crenças do
eleitor médio – encontrar uma régua com a qual suas crenças podem ser medidas.
A Pesquisa Nacional sobre o Conhecimento Público das Reformas da Assistência
Social e do Orçamento Federal descobriu, por exemplo, que 41% dos americanos
acreditam que as ajudas externas compõem uma das duas maiores áreas do
orçamento federal – contra 14% que acreditam ser a seguridade social.
A
principal desvantagem dessa abordagem é que várias questões importantes são
complexas demais para serem solucionadas com um almanaque. Mas existe outro
espelho a ser levantado para a opinião pública. Nós podemos localizar pessoas
que possuem maiores chances de saber a resposta correta, ver o que eles pensam,
e então checar se o público concorda. Mas quem poderiam ser essas pessoas? Os
candidatos mais óbvios seriam os especialistas.
Para
verificar se as crenças do eleitor médio sobre os efeitos econômicos da
imigração estão corretas, por exemplo, você pode perguntar coisas ao público em
geral e aos economistas profissionais e ver se, em média, eles concordam. Esse
teste é infalível? Não. Os especialistas já erraram. Mas é difícil driblarmos a
forte presunção de que, se os especialistas e os homens comuns discordam, os
especialistas provavelmente estão certos e os homens comuns estão errados. E,
mais importante, se você tem alguma razão específica para duvidar da
objetividade dos especialistas, você pode levá-la em conta. Se você acredita
que os bons salários dos economistas influenciam suas crenças, por exemplo,
você pode verificar se os homens comuns e os especialistas concordam após
termos ajustado suas rendas.
Foi
exatamente essa a abordagem que eu usei para analisar o melhor conjunto de
dados disponível sobre as crenças econômicas, a Pesquisa Entre Americanos e
Economistas Sobre a Economia. A descoberta principal foi que os economistas e o
público em geral têm crenças completamente diferentes em relação à economia.
Comparados aos especialistas, os homens comuns são bem mais céticos em relação
aos mercados, especialmente o mercado internacional e de trabalho, e bem mais
pessimistas em relação ao passado, o presente e o futuro da economia. Onde uma
pessoa comum vê uma conspiração das empresas, os economistas veem oferta e
demanda. Onde uma pessoa comum vê declínio, os economistas veem progresso.
Enquanto
os críticos dos economistas gostam de atribuir esses padrões à sua influência,
à segurança em seus empregos e às suas ideologias de direita e esquerda, os
fatos dizem outras coisas. Controlando a renda atual, o crescimento da renda, a
segurança em seus trabalhos, gênero e raça, reduzimos apenas suavemente a
distância entre os economistas e os homens comuns. E, já que o economista
típico é na verdade um democrata moderado, controlar a identificação partidária
e a ideologia faz a diferença entre eles aumentar. Os economistas acreditam que
os mercados funcionam bem não por terem uma ideologia de extrema direita, mas
apesar de sua ideologia levemente esquerdista.
Segundo
certo ponto de vista, essas descobertas não deveriam nos surpreender. Desde o
tempo de Adam Smith, senão um pouco antes, os economistas têm reclamado que a
política econômica se baseia em concepções errôneas e tentam fazer alguma
diferença corrigindo os preconceitos de seus alunos contra os mercados, o
comércio internacional, etc. Os economistas preservam essa tradição até hoje,
quando dão aulas a universitários, escrevem para o público em geral ou
conversam entre si. Entretanto, nas últimas décadas, a pesquisa econômica
construiu uma compreensão contrária, segundo a qual as concepções dos eleitores
seriam as verdadeiras. O que surpreende em meus resultados é que eu comparo uma
visão econômica tradicional contra as pesquisas econômicas recentes, e a visão
tradicional vence.
O
que as ideias erradas podem fazer
Os
cientistas políticos quase sempre criticam os economistas por suporem que os
eleitores sejam egoístas. Os dados, em conjunto com minha experiência pessoal,
me convenceram que os cientistas políticos estão certos. Não importa o quanto
se sabe a respeito dos interesses materiais dos eleitores, ainda sim é difícil
prever como votarão. Em contraste, se você sabe como um eleitor pensa ser o
melhor para a sociedade, você pode contar que ele votará de acordo.
Apesar
disso, antes que consigamos deduzir que as políticas que forem melhores para a
sociedade realmente prevalecerão, nós temos que adicionar exatamente a
suposição que estou contestando: que as crenças do eleitor médio sejam
verdadeiras. Se suas crenças são falsas, as suas boas intenções o levam a
apoiar políticas que não sejam as mais adequadas e que, possivelmente, sejam
verdadeiramente ruins.
Considere
o caso das políticas imigratórias. Os economistas são bem mais otimistas em
relação aos seus efeitos econômicos do que o público em geral. A Pesquisa Entre
Americanos e Economistas Sobre a Economia perguntou ao público se a existência
de “imigrantes demais” seria uma razão que teria muita influência, pouca
influência ou se ela não teria influência alguma em relação ao fato de a
economia não estar tão bem quanto poderia estar. Entre os nãoeconomistas, 47%
acreditam que a imigração tem muita influência, enquanto 80% dos economistas
acreditam que existe influência alguma. Os economistas têm várias razões para
possuir opinião tão diferente: eles sabem que a especialização e o comércio
enriquecem tanto os americanos quanto os imigrantes; que existe pouca evidência
de que a imigração realmente reduza a renda mesmo dos americanos com poucas
qualificações; e, já que os imigrantes são, em sua maioria, jovens do sexo
masculino, e já que a maior parte dos programas governamentais apóia as
mulheres, os idosos e as crianças, os imigrantes acabam pagando mais em
impostos do que recebem em benefícios.
Dado
o que um eleitor médio pensa acerca dos efeitos da imigração, é fácil
compreendermos porque quase toda pesquisa descobre que a grande maioria dos
imigrantes deseja reduzir a imigração, e quase ninguém deseja aumentá-la.
Infelizmente, tanto para os americanos quanto para os imigrantes em potencial,
há muitas razões para acreditarmos que o eleitor comum está enganado. Se a
política fosse baseada em fatos, os americanos estariam debatendo agora como
aumentar a imigração, ao invés de tentarem “endurecer” com os imigrantes que já
estão no país.
Não
preciso nem dizer que não espero que algum político proeminente vá ler esse
artigo e tornar pública a sua mudança de posição em relação à imigração. A
democracia é uma competição de popularidade. Se o eleitor médio acredita que
menos imigrantes é melhor para a sociedade, a democracia recompensa os
políticos que se opõem à imigração. Isso não significa, necessariamente, que os
detentores de cargos públicos estimulam os preconceitos da população. Os nossos
líderes devem ter chegado ao topo do jogo político porque eles, sinceramente,
compartilham dos preconceitos do público. Entretanto, independente do que
acontece nas cabeças e corações dos políticos, nós devemos esperar que a
democracia dê ouvidos ao eleitor comum, mesmo quando ele está errado. A
evidência empírica indica que ele quase sempre está.
Como
as ideias erradas persistem
A
maior parte dos enganos econômicos que vemos hoje já eram bem conhecidos no
tempo de Adam Smith. Como, então, as pessoas podem continuar mantendo políticas
públicas errôneas, ano após ano, século após século?
Os
economistas da escolha pública estão acostumados a culpar o que chamam de
“ignorância racional”. Em eleições com milhões de eleitores, os benefícios
pessoais de se aprender mais sobre alguma política são desprezíveis, porque é
pouco provável que um voto vá mudar o resultado. Então, por que nos
incomodaríamos?
Entretanto,
em meu livro, eu argumento que a ignorância racional tem sido supervalorizada.
A ignorância racional não consegue explicar por que as pessoas gravitam em
torno de falsas crenças, ao invés de serem simplesmente agnósticas. Também não
consegue explicar por que as pessoas que mal tenham pesquisado superficialmente
sobre um tema são tão confiantes em seus julgamentos – e até mesmo se
enraivecem caso você as contradiga. Por que, para voltarmos ao caso da
imigração, as pessoas se convencem que a imigração é desastrosa, e não
conseguem manter uma conversa civilizada com alguém que discorde?
A
minha visão é que esses são sintomas, não de ignorância, mas de irracionalidade.
Na política, como na religião, algumas crenças têm um apelo emocional maior do
que outras. Por exemplo, nos sentimos muito melhor quando culpamos estrangeiros
por nossos problemas econômicos do que culparmos a nós mesmos. Isso cria uma
tentação para relaxarmos os padrões intelectuais normais e isolarmos as crenças
mais populares das críticas – em resumo, sermos irracionais.
Mas
por que existem algumas áreas – como a religião e a política – onde a
irracionalidade parece ter uma relevância especial? A minha resposta é que a
irracionalidade, como a ignorância, é sensível ao preço, e as falsas crenças
sobre a política e a religião são baratas. Se você subestima os custos de beber
em excesso, você pode arruinar a sua vida. Em contraste, se você subestima os
benefícios da imigração, ou as evidências em favor da teoria da evolução, o que
lhe acontece? É bem provável que aconteça a mesma coisa que aconteceria com
você se você soubesse toda a verdade.
Então,
de certa forma, existe um procedimento por trás da loucura do eleitor comum.
Mesmo quando suas visões estão completamente equivocadas, ele recebe o
benefício psicológico das crenças políticas de grande apelo emocional a baixo
custo. É por isso que “compra” essas opiniões a granel.
Qual
é o problema da democracia – e o que é melhor
Infelizmente,
o custo social da irracionalidade pode ser bem alto, mesmo que ele seja
benéfico individualmente. Se uma pessoa polui o ar, nós mal percebemos. Se
milhões de pessoas poluem o ar, a vida pode ficar bem desagradável. Da mesma
forma, se uma pessoa possui uma visão irracional acerca da imigração, nós não
percebemos. Mas se milhões de pessoas compartilham dessas opiniões irracionais,
políticas danosas socialmente podem vir a prevalecer devido à demanda popular.
Quando
as escolhas individuais feitas no mercado possuem efeitos colaterais
socialmente danosos, a maioria das pessoas deseja solucioná-lo. No caso da
poluição, por exemplo, os economistas geralmente desejam cobrar impostos sobre
as emissões, e os nãoeconomistas desejam estabelecer padrões de emissão. Poucas
pessoas dão de ombros e dizem “a solução para os problemas do mercado é mais
mercado.”
Entretanto,
quando as escolhas individuais em uma democracia têm efeitos colaterais sociais
danosos, várias pessoas dão de ombros e dizem, “a solução para os problemas da
democracia é mais democracia.” Se elas desejam soar um pouco mais obstinadas,
poderão até citar Churchill: “a democracia é a pior forma de governo,
excetuando-se todas as outras que foram tentadas ao longo dos tempos.”
No
entanto, pensando bem, a citação de Churchill em face das falhas da democracia
faz tanto sentido quanto dizermos, ao vermos o aumento da poluição do ar, “o
livre mercado é a pior forma de organização econômica, excetuando-se todas as
outras que foram tentadas ao longo do tempo.” Você pode criticar os mercados ou
a democracia – e propor remédios – sem defender o socialismo ou a ditadura. A
democracia, como o livre mercado, pode ser limitada, regulada ou subjugada.
Então,
que remédios eu proporia para a irracionalidade dos eleitores? Acima de tudo,
confiarmos menos na democracia e mais nas escolhas privadas e nos livres
mercados. Geralmente, nós nem mesmo perguntamos aos eleitores se nós devemos
permitir que discursos impopulares ou religiões existam, e essa prática
“elitista” nos salvou de inúmeros problemas. Por que não tirarmos várias questões
da agenda? Mesmo que o livre mercado faça um trabalho medíocre, a questão
relevante não é se uma regulação inteligente, bem intencionada, seria melhor. A
questão relevante é se o tipo de regulação que exerce apelo sobre a
maioria seria melhor.
Outra
forma de lidarmos com a irracionalidade do eleitor seria uma reforma
institucional. Imagine, por exemplo, se o Conselho de Conselheiros Econômicos,
no espírito da Suprema Corte, tivesse o poder de invalidar uma lei como sendo
“não-econômica”. Da mesma forma, já que os dados mostram que os eleitores mais
bem educados teriam visões políticas mais lógicas, nós poderíamos imitar a
Grã-Bretanha pré-1949, dando aos graduados um voto extra.
Eu
suspeito que essas – entre outras! – reformas institucionais excêntricas seriam
úteis, caso fossem tentadas. Infelizmente, existe um contrassenso: é improvável
que a maioria vote pela redução do poder da maioria. Ainda assim, versões mais
suaves dessas reformas podem encontrar algumas brechas. A população tem, em sua
maioria, aberto mão do controle da política monetária em favor dos economistas
profissionais; talvez a população também estivesse disposta a delegar ao
julgamento de especialistas algumas outras áreas. E, embora seja improvável que
a maioria aprove os votos múltiplos para os graduados, ela permite aos mais bem
educados exercerem uma influência maior, em razão de seu maior comparecimento
às urnas. Pode ser politicamente possível aumentarmos ainda mais a influência
de fato dos eleitores mais bem educados, gastando menos dinheiro para
aumentarmos o comparecimento às urnas.
Apesar
disso, no fim das contas, esse um contrassenso significa que talvez seja bem
improvável que uma reforma constitucional seja um meio eficiente para
monitorarmos a irracionalidade dos eleitores. E o que mais nós temos? Mesmo nos
países mais democráticos, os atores políticos possuem um grau de negligência e
demasiada “flexibilidade”, por ser sempre possível para os políticos se
desviarem um pouco das preferências dos eleitores sem serem removidos do poder.
E, para ser direto, se o eleitor comum possui crenças irracionais que o leva a
apoiar más políticas, o uso da negligência política para aliviar os danos
parece ser o que melhor poderia ser feito. Se o eleitor médio está enganado em
relação à imigração, e você tem jogo de cintura para colocar em prática uma
anistia, então o faça.
A
suprema corte pode ser o melhor exemplo de um corpo político com bastante
flexibilidade. A justiça vale por toda a vida e é preciso uma emenda
constitucional para se derrubar suas decisões. Isso sugere – e a história
confirma – que eles detêm um poder significativo para produzirem algo melhor
que os resultados democráticos. Se a corte tem a chance de legislar sobre a
constitucionalidade da legislação inspirada ideias incorretas e
antimercadológicas, então porque não impedi-la, por violar o andamento dos
processos, ou a nona emenda, ou a décima emenda? Essa era a essência da chamada
“jurisprudência da era Lochner.” Entretanto, dado o que sabemos sobre as
inclinações econômicas da população, eu acredito que devemos a esses velhos
juízes um pedido de desculpas.
É
claro que eu não espero que a suprema corte ressuscite Lochner em breve. Pelo
menos, até onde a economia se estende, os julgamentos atuais, em geral, aceitam
a ideia de que devem acatar as concepções da maioria. E, obviamente, eles não
estão sozinhos. A visão dominante, mesmo entre os mais bem educados, e que
seria inconveniente questionarmos a competência do eleitor médio. Várias elites
vão mais longe, saudando as ideias do eleitor médio, não importa o quanto elas
possam parecer idiotas.
Enquanto
as elites persistirem nessa deferência e nessa bajulação em relação à maioria,
a contenção dos perigos da irracionalidade dos eleitores será bem difícil.
Alguém deve dizer ao imperador que ele está nu. Ele pode não ouvir, mas se
ninguém fala, é bem provável que ele continue se envergonhando e traumatizando
os espectadores.
Então,
meu remédio final à irracionalidade do eleitor, é para que as pessoas que
saibam mais do que o eleitor médio deixem de ser modestas. Quando os
especialistas e aqueles que os ouvem se dirigir a grandes públicos – na mídia,
em suas publicações ou em uma sala de aula – eles precisam se forçar às
perguntas em que os especialistas e o público discordam e explicar, claramente,
por que os especialistas estão certos e o público está errado. Assim, quando os
especialistas chegarem aos ouvidos da população, eles não devem os importunar
com as estatísticas da renda média nacional, ou tergiversar entre si em relação
a questões marginais. Eles devem desafiar os enganos do público em relação ao
mercado, aos estrangeiros, à economia de trabalho e ao progresso.
Mas
se o público é tão irracional quanto eu digo, será que isso funcionará? Isso
poderá funcionar. A irracionalidade não elimina a possibilidade de persuasão,
mas muda o que as pessoas acreditam ser persuasivo. Se as pessoas aceitam
crenças, em parte, porque se sentem bem, é importante embrulhar a sua mensagem
em um embrulho emocional satisfatório. Cai por terra o “Eu estou certo, você
está errado, mude.” Porém, de acordo com minha experiência, “eu estou certo, as
pessoas fora dessa sala estão erradas e vocês não querem ser como elas,
querem?” é bem persuasivo. Frédéric Bastiat, talvez o maior educador econômico da
história, deve ser o nosso modelo. Quem mais poderia fazer uma crítica aos
preconceitos econômicos populares ser não apenas charmosa, mas também
engraçada?
Conclusão
Eu
suspeito que vários leitores pensarão que existe algo desafinado com a minha
relação com a democracia. Sabendo ou não o que estão fazendo, será que as
pessoas têm o direito de escolher?
Eu
compreendo quando as pessoas argumentam em favor da autoescolha. Mesmo se um
indivíduo não sabe qual é o seu melhor interesse, eu acredito que, em geral,
ele deva ser livre para cometer seus próprios erros. O problema com o voto
irracional, infelizmente, é que as pessoas que fazem isso não estão apenas
“causando danos a si mesmas”. Se o eleitor comum é irracional, nós todos
teremos que enfrentar as consequências.
Na
realidade, todo pai pergunta a seu filho, “se todos os seus amigos pulassem de
uma ponte, você pularia também?” Eu tenho uma pergunta que é bem mais difícil
para aqueles que se recusam a criticar o entendimento do eleitor médio: “se a
maioria das pessoas dissesse que nós deveríamos pular de uma ponte, você
empurraria aquelas pessoas que se recusassem a pular?”
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