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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Qual a diferença entre socialismo e comunismo?

Por Alberto Mansueti

Socialismo é o processo de coletivização, estatização e centralização de um país, e, por conseguinte, de supressão da vida social independente nas esferas da economia, cultura, educação, imprensa, etc., enquanto todas as empresas e instituições se tornam estatais ou dependentes do Estado, sendo tudo isso justificado e legitimado com alguma variante da ideologia marxista. “Comunismo” é quando o processo chega a um ponto alto, ou seja, é socialismo ao extremo. “Socialismo” é, portanto, a antessala do comunismo.

O avanço do socialismo pode levar vários anos; e uma a uma as esferas e instituições vão caindo. Em seu livro “Liberdade de escolher”, de 1980, Rose e Milton Friedman examinam os 14 Pontos do Programa do Partido Socialista dos Estados Unidos, de 1928. E ao lado de cada um deles, anotam o ano em que foi aprovado, começando com a criação do Banco Central, em 1913. Esse partido socialista nunca se tornou governo nos Estados Unidos, nem teve maioria no Congresso, porém teve enorme influência ideológica no partido Democrata, e até no Republicano. Seus 14 Pontos estão todos em voga. E se isso aconteceu nos Estados Unidos, o que podemos esperar na América Latina?

A tática é simples: primeiro decretam uma série de medidas socialistas, com as quais criam desordem, desajuste, e conflito. Então jogam a culpa no “capitalismo selvagem, explorador e desumano”. E como “remédio” ditam outras tantas medidas socialistas! Assim se produz mais desordem, desajuste e conflito. E assim vai. Três grandes “ondas” de políticas e medidas socialistas se sucederam, praticamente em todo o mundo, mais ou menos coincidentes com cada um dos três terços em que podemos dividir o século 20.

1 – Na primeira onda se abandona o padrão ouro e é fundado o Banco Central, com moeda de papel e banco de reserva fracionária. Isso gera o típico “ciclo” econômico de auge fictício com inflação, e queda da economia em bruscas crises recessivas. As pessoas começam a empobrecer. E os socialistas aproveitam para ditar suas leis trabalhistas e primeiras “medidas sociais”. Com isso a situação piora, e com um agravante: o Estado descuida de suas funções próprias, e passa a faltar segurança, justiça e obras de infraestrutura.

2 – Pretendendo auxiliar aos pobres, na segunda onda o Estado oferece “educação e saúde grátis”, para o que decreta altas nos impostos, que aumentam a deterioração da economia. Com um agravante: o ensino deteriora muito, e a “educação” não passa de doutrinação no coletivismo. Assim, as pessoas mais “educadas” pelo estatismo são as que têm menos possibilidade de entender a realidade.

3 – Na terceira onda, o socialismo já entra de cheio e com confiança em todas as frentes da economia produtiva: reformas agrárias, “nacionalizações”, leis trabalhistas que geram desemprego, criação de ineficientes empresas estatais — e altos impostos e muito crédito para financiá-las — com regulamentação asfixiante para as empresas privadas. Resultado: criminalidade sem limites, corrupção judicial e falta de obras públicas, impostos excessivos, regulamentações absurdas, poupança inexistente ou negativa, desinvestimento privado com inatividade econômica generalizada e desemprego involuntário, cidades capitais superpovoadas, êxodo de empresas, de cérebros, de mão de obra, e um extenso et cetera aqui.  Além do óbvio: crises políticas crônicas.

Com o século 21 houve uma mudança importante: o marxismo passou de econômico a cultural. De Lênin, Martov e Bernstein, a Gramsci, Lukacs e às Escolas de Frankfurt e de Birmingham. Como isso se deu? Se você ler o Manifesto Comunista de 1848, vai ver que seus autores estão contra o matrimônio e a família, porque são instituições muito ligadas à propriedade privada e ao capitalismo. Porém não há medidas concretas contra o matrimônio e a família, nem contra as igrejas ou a religião. Há só um programa “mínimo” de dez pontos, todos relativos à economia exceto por um ponto: educação pública. É que primeiro era necessário aplicar o marxismo econômico para empobrecer as pessoas; então vem a catequese “educativa” para idiotizá-las. Marx e Engels deixaram para o futuro a investida contra o matrimônio e a família; e contra a religião, em especial o cristianismo.

E esse futuro acabou de chegar! O marxismo econômico já não pode ir mais longe, porque aí o parasita mataria o hospedeiro por asfixia ou anemia. Por isso agora é a hora das demandas do marxismo cultural: a ofensiva em favor da legalização do aborto e da eutanásia; da desnaturalização do matrimônio e até mesmo da sexualidade, através da promoção ativa do divórcio e do homossexualismo pelo Estado. Da “guerra às drogas” se passa à estatização da oferta de narcóticos e imbecilizantes. E o Estado entende agora o laicismo como antirreligião, declarando guerra à Religião, ditando suas próprias e novas normas a todas as igrejas e ministros religiosos, e a todas as famílias e escolas cristãs.

Tudo isso é o “marxismo cultural” que Mao Tsé Tung e Pol Pot começaram a aplicar na China e Camboja. E Herbert Marcuse em Berkeley, Califórnia. Agora ele chegou completo nos Estados Unidos com Obama. E na América Latina também, com o Foro de São Paulo. Com um agravante: em estreita aliança com o islamismo. Porém, isso já é outro assunto. Até a próxima.

Alberto Mansueti: Alberto Mansueti, é advogado e cientista político. Presidente do Centro de Liberalismo Clássico, Assessor Permanente da Direcção Nacional da Resistência Civil e Liberal Movimento Libertário Direção liberal autonomista Movimento e Zulian próprio curso. Ele era um professor universitário. E o autor de numerosas obras, desde livros a panfletos, a maioria. Ele também jogou profissionalmente na opinião e pesquisa de mercado; jornalismo (escrito e radial), a eficácia da publicidade e da comunicação; campanhas políticas e eleitorais. Como consultor em impacto econômico das políticas públicas e reformas legais nos mercados. Ele tem experiência como um político ativo e consultor político em vários países, principalmente Peru e Venezula.


Texto originalmente publicado no jornal boliviano El Día.

Tradução: Márcio Santana Sobrinho

Fonte: MSM

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