Assim, o governo americano foi
instituído para cumprir uma – e apenas uma – tarefa: proteger a vida e a
propriedade. Dessa forma, ele oferece o exemplo perfeito para analisarmos a
validade do argumento hobbesiano a respeito da condição dos estados como
protetores. Após mais de dois séculos de estatismo protetor, em que situação se
encontram a nossa proteção e a cooperação humana pacífica? A experiência
americana com o estatismo protetor foi um sucesso?
Conforme as declarações dos nossos
governantes e dos seus guarda--costas intelectuais (que nunca foram tantos
quanto hoje), estamos mais protegidos e mais seguros do que nunca. Estamos
supostamente protegidos do aquecimento e do resfriamento global; da extinção
dos animais e das plantas; dos maus tratos de maridos contra as esposas; de
pais e de empregadores; da pobreza, das doenças, dos desastres, da ignorância, do
preconceito, do racismo, do sexismo, da homofobia; e de outros incontáveis inimigos
e perigos públicos. Na verdade, entretanto, as coisas são incrivelmente
diferentes. Para nos proporcionar toda essa “proteção”,os governantes estatais expropriam –
entra ano, sai ano – mais de 40% da renda dos produtores privados. A dívida e o
passivo governamentais crescem sem parar, aumentando, assim, a necessidade de
expropriações futuras. Devido à substituição do ouro pelo papel-moeda estatal,
a insegurança financeira ampliou-se gravemente; e
somos continuamente roubados pela depreciação da moeda. Cada
detalhe da vida privada, das propriedades, do comércio e dos contratos é
regulado por montanhas cada vez mais altas de leis (legislação), gerando,
assim, insegurança jurídica e risco moral. Em especial, fomos
gradualmente privados do direito de exclusão implícito no próprio conceito de propriedade
privada. Como vendedores, não podemos vender a quem desejamos; como
compradores, não podemos comprar de quem queremos. E, como membros de
associações, não temos o direito de assinar qualquer
contrato restritivo que acreditemos ser mutuamente proveitoso. Como americanos,
precisamos aceitar imigrantes que não desejamos como nossos vizinhos. Como
professores, não podemos nos livrar de estudantes pífios ou de mau
comportamento.
Como empregadores, ficamos presos a
empregados incompetentes ou destrutivos. Como locadores, somos forçados a
aturar locatários ruins. Como banqueiros e seguradores, não nos permitem evitar
riscos ruins. Como donos de restaurantes ou de bares, temos
de acomodar fregueses indesejados. E, como membros de associações privadas,
somos obrigados a aceitar indivíduos e atos que violam as nossas próprias
regras e restrições. Em suma: quanto mais o estado aumentou os seus gastos em
“previdência social” e em “segurança pública”, mais os nossos direitos de
propriedade privada foram corroídos; mais a nossa propriedade foi expropriada,
confiscada, destruída ou depreciada; e mais fomos privados da própria base de
toda proteção: a independência econômica, a solidez financeira e a riqueza pessoal. O trajeto de qualquer presidente e de
praticamente todos os membros do Congresso está coberto de centenas de milhares
– se não de milhões – de vítimas desconhecidas da desgraça econômica pessoal, da
falência financeira, do empobrecimento, do desespero, da penúria e da frustração. Hans-Hermann Hoppe
Fonte:
Democracia, o Deus que falhou ( Compre este livro,
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