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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dez indicações de leituras de liberais brasileiros (I e II)

Por Jefferson Viana

1 ° – “A lanterna na popa” – Roberto Campos

O grande Roberto Campos lançou no ano de 1994 o livro de memórias “A lanterna na popa”. Campos buscava realizar a síntese da sua vida desde quando passou a defender posições liberais, como sendo a defesa da liberdade, segundo palavras do ex-deputado, ex-senador e ex-diplomata, uma espécie de apostolado. Campos dizia que defender o liberalismo no Brasil era como realizar pregações no meio do deserto. No prefácio do livro, Campos afirma o seguinte:

“Em nenhum momento consegui a grandeza. Em todos os momentos procurei escapar da mediocridade. Fui um pouco um apóstolo, sem a coragem de ser mártir. Lutei contra as marés do nacional-populismo, antecipando o refluxo da onda. Às vezes ousei profetizar, não por ver mais que os outros, mas por ver antes. Por muito tempo, ao defender o liberalismo econômico, fui considerado um herege imprudente. Os acontecimentos mundiais, na visão de alguns, me promoveram a profeta responsável. O século que vivenciei foi aquele que Paul Johnson (nasc. 1928) descreveu como o século coletivista. Tanto a democracia como o capitalismo sofreram graves desafios. A revolução comunista de outubro de 1917 representou um desafio simultâneo à democracia e ao capitalismo. As democracias ocidentais sobreviveram à I Guerra Mundial, mas viria depois, nos anos trinta, uma rude prova para o capitalismo liberal – a Grande Depressão. A economia de mercado, em fase de deflação e desemprego, parecia ser um sistema terrivelmente inepto, comparado à alternativa do planejamento central. E surgiu um outro tipo de desafio – o coletivista – que também desprezou a democracia e prostituiu o mercado, proclamando como supremos valores a raça, o estado leviatã e a expansão territorial.”

2° – “Introdução a Filosofia Liberal” – Roque Spencer Manoel de Barros

Roque Spencer Manoel de Barros foi docente da Universidade de São Paulo até a sua morte, no ano de 1999. Spencer mostra no livro a sua forma de pensar o liberalismo: pensar o liberalismo na sua condição trágica; a defesa da liberdade constituiu, para ele, no século XX, um dos grandes riscos, em face do coletivismo e, de outro lado, porque, no plano existencial, o pensamento liberal coloca o homem na sua condição de ser responsável individualmente pelos seus atos. Frisando a respeito das liberdades com responsabilidades no prefácio do livro:

“Dedicado à filosofia liberal, este livro trata, fundamentalmente, da antinomia entre liberdade e totalidade. Nesse sentido, ele é, para mim, uma espécie de compromisso filosófico. Um compromisso com o livro que quero um dia ainda escrever, com aquele título ou outro equivalente, em que o problema seja enfrentado em toda a sua complexidade, com as suas implicações antropológicas, epistemológicas, éticas e pedagógicas. Aqui, embora referindo-me de passagem a tais implicações, são elas tratadas especialmente do ponto de vista político”.

3 ° – “O Espírito das revoluções” – José Osvaldo de Meira Penna

José Osvaldo de Meira Penna, pensador ainda vivo (tem 98 anos), tem seu pensamento no campo da Sociologia, mas aprofunda-se na análise filosófica, ao redor da temática da liberdade. Paralelamente, o pensador, que possui sólida formação humanística, abarca nessa obra as suas análises sobre  as perspectivas psicológico-social (à luz da obra de Carl Jung, da qual é importante representante) e econômica, se alicerçando nos conceitos de Friedrich August von Hayek (1899-1992), Ludwig von Mises (1881-1973) e Milton Friedman (1912-2006). O Liberalismo, segundo Meira Penna, experimentou crises profundas. A partir dos meados do século XIX vigorou, segundo ele, um “movimento de opinião no sentido de um retorno ao coletivismo, invocado nos lemas de Igualdade e Fraternidade”. O pensador considera que, diante dessa crise, é necessário voltar à defesa da liberdade do indivíduo em face da coletividade, seguindo os ensinamentos do historiador francês Alexis de Tocqueville, de cujo pensamento Meira Penna é um dos grandes estudiosos no Brasil. A respeito da influência do autor de “Democracia na América”, ele diz em um dos trechos do livro:

“(…) Concluímos que extremamente pertinentes são os conceitos tocquevillianos. Se somos todos diferentes e desiguais por natureza, uns mais inteligentes do que outros, uns com melhor Q I do que outros, uns mais laboriosos e outros mais preguiçosos, uns enérgicos e outros boêmios, uns aquinhoados com saúde e uma herança familiar positiva, outros prejudicados desde o nascimento pela circunstância de um meio adverso, é evidente que a igualdade só pode ser imposta pelo Estado, coercitivamente.”

4° – “Marxismo e descendência” – Antônio Paim

Antônio Paim tem a sua obra tangenciada na historiografia do pensamento liberal, bem como à discussão da problemática ética ensejada por essa corrente no seio da cultura brasileira. Para Paim, o liberalismo não penetrou fundo o suficiente nessa cultura, em decorrência da falta de chão axiológico sobre o qual pudesse se firmar tal filosofia. E nessa obra, Paim mostra um pouco da história do movimento socialista mundo afora e  as divisões da esquerda em três categorias: Doutrina marxista do Estado; Doutrina marxista da Sociedade e Doutrina marxista do Pensamento. Paim realizou um balanço geral do marxismo e diversas formas de manifestação, procurando compreender como se deu tal processo, tanto no meio acadêmico como na sua aplicação prática. As influências precursoras do marxismo são descritas, assim como as nuances que veio a tomar em decorrência inclusive dos diversos terrenos culturais em que agiu. Não se trata de uma obra que discute ideias filosóficas no éter, mas que procura explicitar, concomitantemente, a gênese dessas ideias e suas aplicações ao plano prático e histórico. Em um pequeno trecho do prefácio, Paim mostra:

Depois de interrogar se o marxismo seria, afinal, um tipo de messianismo, a pergunta proposta é: pode, o marxismo coexistir com outras correntes de pensamento? A prática política parece demonstrar, que onde o seu domínio partidário se implanta, faz-se mister eliminar toda a divergência.”

5° – “Variações 3“ – Miguel Reale

O Jurista Miguel Reale, falecido no ano de 2006, foi um dos maiores intelectuais do Brasil e tinha como característica a defesa do chamado liberalismo social, doutrina que defende fundamentalmente a liberdade dos indivíduos, no contexto do que Alexis de Tocqueville (1805-1859) denominava de “interesse bem compreendido”. Para Reale, efetivamente, a defesa do indivíduo e dos seus interesses não poderia correr solta em face dos interesses da comunidade. A experiência intelectual que o pensador tem no interior da sua consciência deve-se inserir, portanto, no processo da experiência objetivada em formas de cultura, como ele mostra nesse livro, que é uma coletânea de artigos escritos em jornais e revistas escritos por Reale. Em uma das partes do prefácio, Reale diz:

“O liberalismo é um sistema solidário de bens e valores que o homem realiza graças à atividade espiritual exercida em sintonia com as leis da natureza. A eticidade da cultura – o que quer dizer a sua visão ética e não apenas gnoseológica – emerge da análise fenomenológica do ato de experienciar como ato essencialmente intersubjetivo. Pode dizer-se que o poder-dever de comunicar já se oculta na experiência como ato obrigatório de comunhão, mesmo porque estar no mundo é sempre estar com outrem, o que nos leva, por fim, à compreensão ontológica da cultura como um processo de autoconsciência e de tomada de consciência da humanidade como um todo.”

Fonte: Instituto Liberal

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