Por Anatoli Oliynik
Em
junho de 1988 foi realizada a 19ª Conferência do Partido Comunista da União
Soviética. Naquela oportunidade debateram-se os caminhos da “PERESTROIKA” de
Mikhail Gorbachev, e já se vislumbrava a eminente queda do Muro de Berlim, o
que de fato aconteceu em 9/11/1989.
Com
a queda do Muro e com o desmoronamento planejado do comunismo pela União
Soviética, Fidel Castro e as esquerdas latino-americanas perderam seu tutor
financeiro e ideológico, a Rússia. Era preciso, portanto, articular a criação
de um organismo que pudesse manter viva a “chama ideológica
marxista-leninista”, bem como orientar e coordenar as suas ações comunistas no
Continente.
Antes,
porém, em janeiro de 1989, em Havana, por ocasião da reunião de cúpula do
Partido Comunista de Cuba e o PT do Brasil foi estabelecido que, se Lula não
ganhasse as eleições em novembro de 1989, deveria ser formada uma organização para
coordenar as ações de toda a esquerda continental e que a liderança e
organização do processo caberia a Luiz Inácio “Lula” da Silva. Portanto, Fidel
já sabia dos planos arquitetados na 19ª Conferência do Partido Comunista e
preparava terreno no Continente.
Aproveitando
o poder parlamentar que tinha o Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, Fidel
Castro, com o apoio de Luis Inácio “Lula” da Silva, convocou os principais
grupos terroristas revolucionários da América Latina para uma reunião na cidade
de São Paulo. Acudiram ao chamado de Fidel e Lula, além do próprio PT e do
Partido Comunista de Cuba, o Exército de Libertação Nacional (ELN), as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a Frente Sandinista de Libertação
Nacional (FSLN) da Nicarágua, a União Revolucionária Nacional da Guatemala
(URNG), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador,
e o Partido da Revolução Democrática (PRD) do México.
O
primeiro Encontro aconteceu no Hotel Danúbio na cidade de São Paulo, no período
de 1 a 4 de julho de 1990. O nome “FORO DE SÃO PAULO” foi adotado na segunda
reunião realizada na cidade do México, no período de 12 a 15 de junho de 1991,
quando reuniu 68 organizações de 22 países. E assim nasceu o FORO DE SÃO PAULO.
Uma coalizão de terroristas revolucionários, partidos comunistas, partidos de
esquerda, enfim, a escória do Continente latino-americano, Caribe e América
Central.
Para
dirigi-lo centralizadamente, foi criado um Estado Maior civil constituído por
Fidel Castro, Lula, Tomás Borge e Frei Betto, entre outros, e um Estado Maior
militar, comandado também pelo próprio Fidel Castro, além do líder sandinista
Daniel Ortega e o argentino Enrique Gorriarán Merlo [1].
Em
1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida uma direção que ficou
composta pelo Partido Comunista Cubano (Cuba), Partido da Revolução Democrática
(México), Partido dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de
Libertação Nacional (El Salvador), Movimento Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia
Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda Unida (Peru) e da Frente Ampla
(Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos e organizações, dentro
da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a URNG – União
Revolucionária Nacional Guatemalteca, que agrupa várias organizações voltadas
para a luta armada, foi admitida como membro dessa direção.
A
partir do II Encontro, realizado no México no período de 12 a 15 de junho de
1991, o FORO DE SÃO PAULO passou a ter CARÁTER CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos
Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em plenárias e constantes
das Declarações finais passaram, a partir de então, a ser consideradas
DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE ACEITAÇÃO e CUMPRIMENTO pelos
membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos Encontros na ação a
ser desenvolvida em nível internacional e nos respectivos países. Tais
deliberações obedecem a uma política internacionalista, com vistas à
implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo
plano os interesses nacionais e fere os princípios da soberania e
autodeterminação. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição
da República definem que “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida
de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou
governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da
LOPP). Isso no conceito dos dirigentes dos países membros do FORO DE SÃO PAULO
é letra morta.
O
FORO DE SÃO PAULO foi descoberto por José Carlos Graça Wagner, um advogado
paulista e que o denunciou publicamente em 1º de setembro de 1997, em painel
realizado na Escola Superior de Guerra, que versava sobre o tema “Movimentos
Sociais e Contestação Sócio-Política – a Questão Fundiária no Brasil”. Com a
sua morte, passou a acompanhar e denunciar a formação “eixo do mal” pelo Foro
de São Paulo, o jornalista, filósofo e ensaísta, Olavo de Carvalho, o que lhe
custou o emprego no jornal “O Globo” e muitos outros periódicos nos quais era
articulista.
O
FORO DE SÃO PAULO permaneceu no mais absoluto anonimato, eficientemente
protegido pela mídia brasileira, toda ela engajada no esquerdismo marxista. O
publico brasileiro, mais atento, somente tomou conhecimento e muito
discretamente, quase que imperceptivelmente, por ocasião do 7º Encontro
realizado na cidade de Porto Alegre em julho de 1997. Foi apenas uma discreta
aparição que a imprensa brasileira procurou ocultar por meio da suspensão de
todo e qualquer destaque que pudesse levantar suspeitas do que se tratava esse
encontro, apesar de presentes 158 delegados, 58 partidos procedentes de 20
países, 36 organizações fraternas e cerca de 400 representantes de partidos e
organizações de esquerda do continente.
No
dia 2 de julho de 2005, por ocasião do XII Encontro ocorrido em São Paulo, se
comemorou os 15 anos de fundação da organização, com discurso laudatório do
presidente do Brasil cujo trecho selecionado é reproduzido a seguir:
“Foi
assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do
movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre
utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos
conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer
interferência política. Foi assim que surgiu a nossa convicção de que era
preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse de ser um
discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se candidataram a
alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de ação dos
governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso
continente.”
“E
é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o Foro de São Paulo,
porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a nossa primeira
reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso continente, sobretudo
na nossa querida América do Sul.”
“Por
isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a
consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15 anos de idade, chamado
Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio.
E eu estou certo de que nós poderemos continuar dando contribuição para outras
forças políticas, em outros continentes, porque logo, logo, vamos ter que
trazer os companheiros de países africanos para participarem do nosso
movimento, para que a gente possa transformar as nossas convicções de relações
Sul-Sul numa coisa muito verdadeira e não apenas numa coisa teórica.”
(Discurso
de comemoração dos 15 anos do Foro, julho de 2005)
A
documentação acerca do FORO DE SÃO PAULO jamais teve ampla divulgação, tendo
sido inicialmente publicado apenas na edição doméstica do GRANMA, órgão oficial
do Partido Comunista Cubano. Na edição internacional nada transpirou. Mais
tarde, passou a ter algum tipo de noticiário restrito em poucos jornais de
alguns países e, até numa revista editada na Argentina chamada “América
Libre”, quase de circulação interna, dirigida por Frei Betto.
O
objetivo do Foro de São Paulo é implantar governos socialistas na América
Latina, via eleições “democráticas”, que mais tarde serão convertidos em
governos totalitários, a exemplo do modelo cubano em vigor, tudo sob a falsa
retórica de “democracia”, tal como eles, os comunistas entendem. Os campos de
atividade do Foro são a subversão política e social de todo o continente
latino-americano. Veja-se o caso de Zelaya na embaixada brasileira em Honduras.
Tudo sob a falsa retórica da “democracia”, repito. Trata-se, portanto, de uma
organização que se mantém no anonimato para que seus projetos totalitários não
sejam identificados antes que se complete o plano de dominação e implantação do
pensamento hegemônico no Brasil e no continente Latino-americano. Para este
desiderato o FORO DE SÃO PAULO conta com o apoio da ONU e da OEA.
Desde
a sua fundação, o Foro realizou quinze encontros segundo a cronologia a seguir:
I –
São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 1990
II – Cidade do México (México) de 12 a 15 de junho de 1991
III – Manágua (Nicarágua) de 16 a 19 de julho de 1992
IV – Havana (Cuba) de 21 a 24 de julho de 1993
V – Montevidéu (Uruguai) de 25 a 28 de maio de 1995
VI – San Salvador (El Salvador) de 26 a 28 de julho de 1996
VII – Porto Alegre (Brasil) de 27 a 31 de julho de 1997
VIII – Cidade do México (México) novembro de 1998
IX – Manágua (Nicarágua) fevereiro de de 2000
X – Havana (Cuba) de 4 a 7 de dezembro de 2001
XI – Antigua (Guatemala) de 2 a 4 de dezembro de 2002
XII – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 2005
XIII – San Salvador (El Salvador) de 12 a 16 de janeiro de 2007
XIV – Montevidéu (Uruguai) de 23 a 25 de maio de 2008
XV – Cidade do México (México) de 20 a 23 de agosto de 2009
II – Cidade do México (México) de 12 a 15 de junho de 1991
III – Manágua (Nicarágua) de 16 a 19 de julho de 1992
IV – Havana (Cuba) de 21 a 24 de julho de 1993
V – Montevidéu (Uruguai) de 25 a 28 de maio de 1995
VI – San Salvador (El Salvador) de 26 a 28 de julho de 1996
VII – Porto Alegre (Brasil) de 27 a 31 de julho de 1997
VIII – Cidade do México (México) novembro de 1998
IX – Manágua (Nicarágua) fevereiro de de 2000
X – Havana (Cuba) de 4 a 7 de dezembro de 2001
XI – Antigua (Guatemala) de 2 a 4 de dezembro de 2002
XII – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 2005
XIII – San Salvador (El Salvador) de 12 a 16 de janeiro de 2007
XIV – Montevidéu (Uruguai) de 23 a 25 de maio de 2008
XV – Cidade do México (México) de 20 a 23 de agosto de 2009
Como
vimos, participam do FORO DE SÃO PAULO partidos e organizações de esquerda,
reformistas e revolucionárias; Partidos Comunistas que se definem como
marxistas-leninistas; organizações e grupos trotskistas; Partidos Comunistas
que continuam se definindo como marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina,
Peru e Uruguai) e que possuem uma articulação internacional própria em 17 países;
Partidos Socialistas filiados ou não à Internacional Socialista; organizações
que continuam desenvolvendo processos de luta armada, como as FARC e ELN, na
Colômbia e organizações que participaram da luta armada e hoje atuam na
legalidade, como o Movimento 19 de Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do
Uruguai.
Esta
é, portanto, a breve radiografia do FORO DE SÃO PAULO, uma organização que os
brasileiros não conhecem e a maioria nem sabe que existe, e cujo objetivo maior
é comprar a sua alma para vendê-la ao demônio.
[1]
Enrique Gorriarán Merlo foi o fundador do Exército
Revolucionário do Povo (ERP) e posteriormente do Movimento Todos pela Pátria
(MTP). Gorriarán Merlo foi, também, o autor do ataque terrorista em janeiro de
1980 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos Aires, no qual morreram
39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra que assassinou Anastásio Somoza em
Assunção, Paraguai, em setembro de 1980. Organizou a máquina militar do
Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo que tomou a residência do
embaixador japonês em Lima.
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