A CIÊNCIA MEDONHA E A ÉTICA DO MERCADO
1. Introdução
Friedrich A. von Hayek
costuma criticar, com sarcasmo, a mania moderna de se acrescentar o
adjetivo "social" às
expressões relacionadas com a vida política e econômica
da sociedade. Fala-se em "justiça social",
em "política social", em
"reforma social", em
"tudo pelo social", em
"consciência social", em "democracia
social", em "liberalismo social".
Mesmo a Igreja considerou necessário, nestes últimos cem anos, criar uma
"doutrina social",
embora se tenha cuidadosamente abstido de definir exatamente em que consiste
tal doutrina, ou seja, em especificar se é ou não a favor da socialização dos meios de produção, ou de uma economia de
mercado, ou do controle desses meios de produção pelo Estado e por sua
burocracia. No Brasil, até os partidos mais conservadores, como o antigo PSD,
acharam conveniente colocar o qualificativo "social",
a fim de obscurecer suas verdadeiras origens oligárquicas. A ênfase no termo
"social" está provavelmente
relacionada com a notória ausência de uma "consciência social" em nossa sociologia, pois o "caráter nacional
brasileiro" ainda é dominado pelos laços afetivos primários de
solidariedade familiar e clientelista. A última novidade entre nós é o
"liberalismo social". Ou
também o "socialismo
liberal" – uma contradição nos termos...
Observa Hayek que essa
mania do uso do qualificativo "social"
revela uma profunda ojeriza aos
valores autênticos de liberdade, de iniciativa privada e de economia natural
num mercado aberto. Os velhos termos "justiça" e "consciência moral"
perderam seu sentido. Eles se sustentavam na noção de supremacia da Lei e no
reconhecimento da responsabilidade da consciência individual. O próprio conceito
de Justiça torna-se incompreensível e desprovido de significado se lhe é acrescentado
esse qualificativo suspeito: a Justiça passa a ser considerada uma questão de
"estrutura" governamental. (um pedacinho do livro: Opção preferencial pela riqueza)
Dois
livros em PDF de José Oswaldo de Meira Penna,
1 - “Opção preferencial pela riqueza” - pdf, aqui
2 - “O Dinossauro” - pdf, aqui
Biblioteca Subversiva: Dicas de livros
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