Por Paulo
Briguet
A literatura sempre foi um excelente
método para denunciar ditaduras. Não poderia ser diferente em relação à maior
das tiranias já conhecidas pela humanidade: o socialismo.
Um bom começo para quem deseja
conhecer as maravilhas do socialismo real é a leitura de Arquipélago Gulag, de
Alexander Soljenítsin (Nobel de 1970). Na monumental obra, o escritor russo
fala sobre os campos de concentração do regime comunista com riqueza de
detalhes. Soljenítsin confessa que escreveu o livro sem imaginar que alguém
poderia lê-lo um dia, mas a obra chegou até nós graças ao povo russo, que a reproduziu
em forma de samizdat. Em Arquipélago, particularmente estarrecedoras são as
páginas em que o autor descreve os métodos de tortura empregados pela polícia
soviética. É coisa de deixar qualquer facínora como o delegado Fleury se
sentindo um escoteiro.
Sobre as origens da mentalidade
revolucionária contemporânea, recomendo a leitura de Os Demônios, de
Dostoiévski. O romance é inspirado em um fato real ocorrido na Rússia czarista,
em que um grupo revolucionário decidiu matar um companheiro por suspeita de
traição. Esse episódio faz lembrar que, em 1936, o “cavaleiro da esperança”
Luís Carlos Prestes ordenou a morte de uma adolescente, Elza Fernandes, também
por suspeita de traição, jamais comprovada. Sob as ordens de Prestes,
militantes comunistas enforcaram a garota com uma corda de varal. Quem quiser
conhecer melhor o episódio deve ler Elza, a Garota, de Sérgio Fernandes, e
Olga, de Fernando Morais.
Há uma vasta biblioteca sobre as
maravilhas do socialismo, da qual citamos alguns poucos exemplos: os ensaios de
Joseph Brodsky (expulso da União Soviética por “parasitismo social”); os poemas
de Anna Akhmátova (que teve o marido fuzilado
a mando de Lenin);
as memórias de Nadejda Mandelstam (mulher de Ossip Mandelstam, um dos maiores
poetas russos, assassinado pelo regime); o livro Cisnes Selvagens (em que Jung
Chang descreve o terror de três mulheres sob o regime de Mao Tsé-tung); O Zero
e o Infinito, de Arthur Kloester; os romances dos autores tchecos Milan Kundera
e Ivan Klíma; e o relato autobiográfico Lágrimas na chuva, do ex-militante
brasileiro Sérgio Faraco.
É muita denúncia para pouca crônica.
Mas eu não poderia deixar de citar a leitura dos próprios autores comunistas,
cuja eventual sinceridade me fez conhecer a verdadeira face da ideologia:
Lenin, Trotsky, Victor Serge, o brilhante Isaac Deustcher, o ótimo Jacob
Gorender e os canonizados Che Guevara e Carlos Marighella. É como dizia Paulo
Francis: “Não há melhor propaganda anticomunista do que deixar o comunista
falar”.
Fonte: Blog do horaciocb
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