Por Northrop Frye
Este livro impôs-se ao meu
arbítrio quando eu tentava escrever outra coisa, e provavelmente conserva os
sinais da relutância com a qual grande parte dele foi redigida. Depois de
concluir um estudo sobre William Blake (Fearful Symmetry, 1947),resolvi aplicar
os princípios do simbolismo literário e da tipologia bíblica que eu aprendera
com Blake a outro poeta, preferentemente a algum que houvesse retirado esses
princípios das teorias críticas de seu tempo, em vez de elaborá-los ele
próprio, como Blake fez.
Empreendi portanto um estudo da Faerie Queene, de Spenser, mas para descobrir apenas que em
meu começo estava o meu fim. A introdução a Spenser tornou-se uma introdução à teoria
da alegoria, e essa teoria aderiu obstinadamente a uma estrutura teórica muito
maior. A base do argumento tornou-se mais e mais digressiva e cada vez menos
histórica e spenseriana. Logo me vi emaranhado naquelas partes da crítica que se interessam por palavras
tais como "mito", "símbolo", "ritual" e
"arquétipo", e meus esforços para deslindar essas palavras, em vários
artigos que publiquei, foram recebidos com interesse bastante para encorajar-me
a prosseguir nesse caminho. Finalmente os aspectos teóricos e práticos da
tarefa que eu me impusera separaram-se completamente. O que se apresenta aqui é pura teoria crítica;
e é deliberada omissão de qualquer crítica específica, e até, em três dos quatro
ensaios, de qualquer citação. Este livro me parece, segundo posso agora
discernir, necessitar de um volume que o acompanhe, dedicado à crítica prática,
uma espécie de morfologia do simbolismo literário.
Agradeço à J. S. Guggenheim
Memorial Foundation uma bolsa (1950-1951) que me concedeu tempo e liberdade
para cuidar de meu assunto proteico, na ocasião em que ambos lhe eram
muitíssimo necessários.
Agradeço também à Turma de 1932 da Universidade de Princeton e ao Comitê do Programa Especial de
Humanidades de Princeton, por proporcionar-me um prazo de trabalho muito
animador, no curso do qual grande parte do presente livro adquiriu forma final.
Este livro contém a essência das quatro preleções públicas que fiz em Princeton
em março de 1954.
A "Introdução Polêmica" é uma versão
revista de "The Function of Criticism at the Present Time" (A Função
Atual da Critica), University
of Toronto Quarterly, outubro de 1949,
republicada em Our Sense of
Identity, ed. Malcolm Ross, Toronto, 1954.
O primeiro ensaio é uma versão revista e
aumentada de "Towards a Theory of Cultural History" (Para uma Teoria
da História da Cultura), University of Toronto Quarterly, julho de 1953.
O
segundo ensaia engloba o material de
"Levels af Meaning in Literature" (Planos do Sentido em Literatura), Kenyon
Review, primavera de 1950; de
"Three Meanings of Symbolism" (Três Sentidos do Simbolismo), Yale
French Studies n.O9 (1952); de "The Language of Poetry" (A
Linguagem da Paesia), Explorations 4 (Toronto, 1955); e de
"The Archetypes af Literature" (Os Arquétipos da Literatura), Kenyon
Review, invernO' de 1951.
O
terceiro ensaio contém o material de
"The Argument of Comedy" (O Argumento da Comédia), English Institute Essays, 1948, Columbia University Press, 1949; de "Characterizatíon in Shakespearean
Comedy" (A CaracterizaçãO' na Comédia de Shakespeare), Shakespeare Quarterly,
julho de 1953; de "Comic Myth in Shakespeare" (O
Mito Cômico em Shakespeare), Transactions of the Royal
Society of Canada (Secção 11) junho de 1952; e de "The N ature af Satire" (A
Natureza da Sátira), University of Toronto Quarterly, outubro de 1944.
O
quarto ensaio compreende o material de
"Music itl Poetry" (A Música na Poesia), University of Toronto
Quarterly, janeiro de 1942; de "A Conspectus of Dramatic
Genres" (Vista Geral dos Gêneros Dramáticos), Kenyon Review, outono de 1951; de "The Four Forms af Prose
Fiction" (As Quatro Formas da Ficção em Prosa), Hudson Review, inverno de 1950; e "The Myt11 as
Information" (O Mito como
Informação), Hudson Review, verão
de 1954. Fico muito agradecida
à gentileza dos editores dos
supramencionados periódicos, da Columbia
Utliversity Presse da Royal Society of Catlada, por permitirem a republicação
desse material. Também aproveitei algumas frases de outros artigos e resenhas
de minha autoria, todos dos mesmos periódicos, quando me pareceram ajustar-se
ao presente contexto.
Quanto a outras obrigações que devo, tudo o que
pode ser dito aqui, e não é menos verdade por ser rotineiro, é que muitas das
virtudes deste livro pertencem a outros; os erros de fato, de gasto, de lógica
e proporção, embora coisas infelizes, estes são meus.
N.F.
Victoria College
University of Toronto
Tradutor:
Péricles Eugênio da Silva Ramos
Editora Cultrix, 1973.
Lançamento de Anatomia da Crítica, de Northrop
Frye
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