PREFÁCIO
Por C.S. Lewis
Chamei isto de conto de fadas na esperança de que
ninguém, que não goste de fantasia, possa ser induzido pelos dois primeiros
capítulos a continuar lendo, e depois se queixe por se sentir desapontamento.
Se perguntarem por que é que — tendo a intenção de escrever
sobre mágicos, diabos, animais de pantomima e anjos planetários, eu, não
obstante, inicio com cenas e pessoas tão comuns, respondo que sigo o esquema
tradicional do conto de fadas. Nem sempre notamos o seu método, porque as
cabanas, castelos, entalhadores e reizinhos, com os quais abre um conto de
fadas tornaram-se para nós tão remotos como as bruxas e ogros que nele vêm a
seguir. Mas, para os homens que primeiro fizeram as histórias e com elas se
divertiram, não eram nada remotos. Eram, na verdade, mais realistas e comuns do
que a Faculdade de Bracton é para mim; pois muitos camponeses tinham,
efetivamente, tido madrastas cruéis, enquanto eu nunca encontrei, em
universidade alguma, uma Faculdade como Bracton. Esta é uma «história fictícia»
sobre artes e obras do demo, embora contenha um «fundo» sério que tentei traçar
no meu Abolition of Man. Na história, o bordo exterior dessa obra do
Diabo tinha de se mostrar tocando a vida de uma profissão comum e respeitável.
Escolhi a minha própria profissão, não, é claro, por eu pensar que os
professores das faculdades sejam mais abertos a ser corrompidos do que outra
pessoa qualquer, mas por ser a minha própria profissão a única que conheço
suficientemente bem para escrever sobre ela.
Imaginou-se uma universidade muito pequena porque
isso traz certas vantagens para a ficção. Edgestow não tem qualquer semelhança,
salvo pela sua pequenez, com Durham, uma universidade com a qual a única
ligação que tive foi inteiramente agradável.
Creio que uma das idéias centrais deste conto me
veio à cabeça a partir de conversas que tive com um colega cientista, algum
tempo antes de encontrar uma sugestão bastante similar nas obras do Sr. Olaf
Stapledon. Se estou enganado nisto, o Sr. Stapledon é tão rico em inventiva que
bem pode permitir-se emprestar, e eu admiro tanto a sua inventiva (embora não a
sua filosofia) que não sentirei vergonha alguma em pedir emprestado.
Aqueles que gostariam de aprender mais a respeito
de Numenor e o Verdadeiro Oeste têm (que pena!) de esperar pela publicação do
muito que ainda existe apenas no manuscrito do meu amigo, Prof. J. R. R.
Tolkien. A época desta história é vagamente «depois da guerra». Conclui a
Trilogia, da qual Para Além do Planeta Silencioso era a primeira parte, e Perelandra
a segunda, mas pode ser lida por si só.
Magdalen College. Oxf
Aquela força medonha - C.S. Lewis V-I
Biblioteca Subversiva: Dicas de livros
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