Por Walter Williams
Os
ambientalistas, com a ajuda de políticos e de outras burocracias globalmente
poderosas, foram bem-sucedidos em impor sobre todo o globo um conjunto de
ideias que já custou dezenas de milhões de vidas humanas.
Peguemos o exemplo
mais famoso deste totalitarismo homicida. Em 1962, a famosa bióloga
americanaRachel Carson publicou o livroSilent Spring, uma fábula sobre os supostos perigos dos
pesticidas. O livro se transformou em um clássico do movimento
ambientalista, não obstante se tratasse de uma obra de ficção. O livro
exerceu uma influência poderosa sobre vários governos, o que levou à proibição
mundial do uso do DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano, o primeiro pesticida
moderno) ainda no início da década de 1970.
Em 1970, pouco antes da proibição do DDT, a Academia Nacional de Ciências dos EUA declarou que o DDT havia salvado mais de 500 milhões de vidas
humanas ao longo das últimas três décadas ao erradicar os mosquitos
transmissores da malária. Naquele ano, a Academia lançou um relatório no
qual dizia: "Se tivéssemos de eleger alguns produtos químicos aos quais a
humanidade deve muito, o DDT certamente seria um deles. ... Em pouco mais de
duas décadas, o DDT evitou que 500 milhões de seres humanos morressem de
malária, algo que sem o DDT seria inevitável".
Antes da proibição do DDT, a malária estava prestes a ser extinta em
alguns países.
O DDT foi banido pelos governos no início da década de 1970 não obstante
o fato de não ter sido apresentada nenhuma evidência científica comprovando que
ele gerasse os efeitos que Carson e o movimento ambientalista alegavam que ele
gerava.
Em seu livro Eco-Freaks: Environmentalism is
Hazardous to Your Health, John Berlau, pesquisador e diretor
do Center for Investors and Entrepreneurs do Competitive Enterprise Institute, escreveu que
"Nem um único estudo mostrando o elo entre exposição ao DDT e contaminação
humana já foi replicado". Não apenas isso: em um estudo de longo
prazo, alguns voluntários comeram 900g de DDT durante um ano e meio; até hoje,
mais de vinte anos depois, nenhum deles apresentou nenhum efeito colateral em
sua saúde.
O Dr. Henry Miller, membro sênior da Hoover Institution, e Gregory Konko, membro sênior da
Competitive Enterprise Institute, escreveram em seu artigo no revista Forbes,
"Rachel Carson's Deadly
Fantasies", que o banimento do DDT foi responsável pela perda
de "dezenas de milhões de vidas humanas, majoritariamente crianças em
países pobres e tropicais. Tudo isso em troca da possibilidade de uma
pequena melhoria na fertilidade das aves de rapina. Esta continua sendo
uma das mais monumentais tragédias humanas do século passado”.
Além das mortes de literalmente milhões de pessoas no Terceiro Mundo em
decorrência da malária, o banimento do DDT também gerou inúmeras colheitas
desastrosas, uma vez que insetos vorazes que eram combatidos pelo DDT puderam
se proliferar novamente — e praticamente não há substitutos para o DDT a preços
acessíveis nos países pobres.
Mesmo se as estimativas da Academia Nacional de Ciências em relação às
vidas salvas pelo DDT estivessem exageradas por um fator de dois, Rachel Carson
e sua cruzada contra o pesticida ainda seriam responsáveis por mais mortes
humanas do que a maioria dos piores tiranos da história do mundo.
Não obstante todas as evidências de que o DDT, quando utilizado
corretamente, não apresenta nenhuma ameaça para o ambiente, para os animais e
para os seres humanos, os ambientalistas extremistas continuam defendendo sua
proibição. Só na África, milhões continuam morrendo de malária e de
outras doenças. Após a Segunda Guerra Mundial, o DDT salvou milhões de
vidas na Índia, no Sudeste Asiático e na América do Sul. Em alguns casos,
as mortes por malária caíram para quase zero. Após o banimento do DDT, as
mortes por malária e por outras doenças voltaram a disparar. Por que
então o banimento não é revogado?
Porque este é justamente o objetivo destes extremistas: controle
populacional. Alexander King, co-fundador do Clube de Roma, disse: "Na
Guiana, em menos de dois anos, o DDT já havia praticamente aniquilado a
malária; porém, isso levou a uma duplicação das taxas de fecundidade. Portanto,
meu maior problema com o DDT, olhando em retrospecto, é que ele ajudou a
intensificar o problema da explosão demográfica".
Jeff Hoffman, representante ambientalista, escreveu no site grist.org que "A Malária era, na realidade, uma medida natural de controle
populacional, e o DDT gerou uma volumosa explosão populacional em alguns locais
onde ele havia erradicado a malária. Basicamente, por que seres humanos
devem ter prioridade sobre as outras formas de vida? . . . Não vejo ninguém
respeitando os mosquitos aqui nesta seção de comentários."
O livro de John Berlau cita vários outros exemplos de desprezo dos
ambientalistas pela vida humana e de como eles transformaram os políticos em
seus idiotas úteis.
A organização mundial da Saúde estima que a malária infecta pelo menos
200 milhões de pessoas, das quais mais de meio milhão morrem anualmente.
A maior parte das vítimas da malária são crianças africanas. Pessoas que
defendem a proibição do DDT são cúmplices nas mortes de dezenas de milhões de
africanos e de asiáticos. O filantropo Bill Gates arrecada dinheiro para
milhões de redes contra mosquitos; porém, para manter suas credenciais acadêmicas
intactas, a última coisa que ele advogaria seria o uso do DDT.
Notavelmente, todos os políticos — principalmente os negros, que deveriam se
sensibilizar com seus irmãos africanos — compartilham esta visão.
A morte de Rachel Carson não colocou um fim na insensatez
ambientalista. O dr. Paul Ehrlich, biólogo da Universidade de Stanford,
em seu best-seller de 1968, The Population Bomb, previu que
haveria uma enorme escassez de comida nos EUA e que "já na década de 1970
... centenas de milhões de pessoas irão morrer de fome neste país".
Ehrlich via a Inglaterra em uma situação ainda mais desesperadora, e dizendo
que "Se eu fosse um apostador, apostaria uma quantia substancial de
dinheiro que a Inglaterra deixará de existir até o ano 2000".
No primeiro Dia da Terra, celebrado em 1970, Ehrlich alertou:
"Dentro de dez anos, todas as mais importantes vidas animais nos oceanos
estarão extintas. Grandes áreas costeiras terão de ser evacuadas por
causa do fedor de peixe morto". Apesar de todo este notável
currículo, Ehrlich continua até hoje sendo um dos favoritos da mídia e do mundo
acadêmico.
E há ainda as insensatezes previstas pelos governos. Em 1914, o
U.S. Bureau of Mines [uma espécie de Ministério das Minas e Energia
americano] previu que as reservas de petróleo do país durariam apenas mais
10 anos. Em 1939, o Ministério do Interior americano revisou as
estimativas, dizendo agora que o petróleo americano duraria mais 13 anos.
Em 1972, um relatório publicado pelo Clube de Roma, Limits to Growth, disse que as reservas de petróleo em todo o mundo
totalizavam apenas 550 bilhões de barrias. Com este relatório em mãos, o
então presidente Jimmy Carter disse que "Até o final da próxima década,
poderemos exaurir todas as reservas de petróleo existentes em todo o
mundo". E acrescentou: "Todo o petróleo e todo o gás natural de
que dependemos para 75% de nossa energia estão acabando”.
Quanto a esta última previsão de Carter, um recente relatório do U.S.
Government Accountability Office [braço auditor do Congresso americano]
em conjunto com especialistas do setor privado estima que, mesmo que apenas
metade do petróleo existente na formação geológica do Green
River nos estados de Utah, Wyoming e
Colorado seja recuperada, isso já "seria igual a todas as reservas de
petróleo que comprovadamente existem no mundo". Trata-se de uma
estimativa de 3 trilhões de barris, mais do que a OPEP possui em suas
reservas. Mas não se preocupe. Tanto Carter quanto Ehrlich ainda
são frequentemente convidados pela mídia para emitir suas opiniões.
Nossa contínua aceitação das manipulações, das mentiras e do terrorismo
ambientalistas fez com que governos ao redor do mundo, além de banirem o DDT,
implantassem políticas públicas assassinas em nome da "economia de
energia" — como, por exemplo, as regulamentações estatais que exigem
automóveis com menor consumo de combustível, o que levou a uma redução do
tamanho dos carros e a um aumento no número de acidentes que, em outras
circunstâncias, não seriam fatais.
Da próxima vez que você vir um ambientalista alertando sobre algum
desastre iminente, ou dizendo que estamos prestes a vivenciar a escassez de
alguma coisa, pergunte para ele qual foi a última vez que uma previsão
ambientalista se mostrou correta. Algumas pessoas estão inclinadas a
rotular os ambientalistas de idiotas. Isto é um juízo errôneo. Os
ambientalistas foram extremamente bem-sucedidos em impor sua agenda.
Somos nós que somos os idiotas por termos ouvido e aceitado tudo passivamente,
e por termos permitido que os governos acatassem suas ordens.
Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason
University e autor de sete livros. Suas colunas
semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.
Tradução de Leandro Roque
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! Boa parte dos conhecimentos surgiu dos questionamentos.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.