Por Steven
Horwitz
Estou
encerrando minha coluna The Calling nesse mês e os três próximos artigos serão
os últimos. Nessas colunas finais, quero focar nos três livros que são centrais
para a tradição austríaca moderna da economia e oferecer um resumo das
contribuições de cada um. Começarei nessa semana com Ação Humana, de
Ludwig von Mises.
É difícil
resumir um dos mais importantes (e longos) livros de economia do século XX em
uma única coluna. Os seus três insights centrais são sua ênfase na
natureza subjetiva de valor, conhecimento e escolha humana; o mercado como um
processo; e o papel que os mercados desempenham facilitando a cooperação
social.
Para Mises, a
economia estuda, como sugere o título do livro, a ação humana. A ação,
argumenta Mises, é fundamental para aquilo que nos faz humanos: sempre estamos
em um estado de “desconforto”, que devemos remover através da ação. Como e
quando agimos é determinado por nossos julgamentos subjetivos sobre os fins que
desejamos atingir e os melhores meios para atingi-los. O conhecimento que temos
em nossas cabeças é somente nosso, e ele nos informa sobre como valorizamos
meios e fins. E isso nos leva a fazer as escolhas que fazemos. Não há nada
mecânico ou automático nesse processo. Pelo contrário. Ele requer
ações conscientes. Esse processo subjetivo do conhecimento à avaliação, até a
ação sobre a escolha, é o ponto inicial de toda análise econômica para Mises.
Começando pela
natureza subjetiva do conhecimento, avaliação e escolha, Mises tentou construir
uma compreensão completa da economia. Do básico sobre como os preços emergem a
partir da avaliação, escolha, e troca monetárias, ao ciclo econômico, até
os problemas com as várias formas de intervenção governamental e a
impossibilidade do planejamento socialista. Em todos esses casos, a ideia central
é que o mercado não é “um lugar ou uma coisa”, mas um “processo”. Os mercados,
particularmente a troca da propriedade privada por dinheiro, são uma maneira
pela qual os humanos tentam melhorar a sua situação. Os mercados não
são simplesmente locais onde os consumidores e produtores se encontram para
maximizar a utilidade e os lucros, respectivamente, baseados nos preços “dados”
– como cada vez mais são descritos pelas principais correntes da economia. Para
Mises, o mercado não é uma máquina de maximização; o mercado é um processo
dinâmico de mudança, aprendizado, crescimento e cooperação.
A descoberta através da
competição
Como o seu
aluno F. A. Hayek, ele via particularmente a competição como um “procedimento
de descoberta”, através do qual os produtores descobrem o que os consumidores
desejam e como produzir aquilo pelo menor preço. Isso é resultado de um
empreendimento consciente: a avaliação do presente e dos possíveis futuros, em
um mundo de incertezas evidentes, mas não debilitantes. O cálculo econômico com
o preço do dinheiro é o processo pelo qual somos capazes de enxergar através de
uma neblina de incertezas e suprir as demandas dos consumidores. O mercado,
conforme descrito em Ação Humana, é parte de uma batalha humana mais
ampla para superar a ignorância.
O que os
mercados possibilitam nada mais é do que a cooperação social – na realidade, a
civilização – como nós a conhecemos. Para Mises, a divisão do trabalho e o
processo de especialização/trocas não são as únicas fontes de crescimento
econômico e de melhora das bilhões de vidas humanas. Eles são também fonte de
ligações humanas mais profundas. Uma divisão do trabalho maior significa
especializações mais estreitas e mais confiança no comércio para as coisas que
gostaríamos de adquirir. Isso significa que os humanos se tornam mais
interdependentes, o que por sua vez remove os incentivos pela violência e a
guerra. Os mercados nos induzem a cooperar ao invés de saquear e, dessa
maneira, nos ajudam a criar civilizações pacíficas. Os mercados, através
daquilo que Mises chamou de “Lei da Associação”, são a chave para a cooperação
social.
Em conflito com as tendências
A distinta
visão de Mises acerca da economia e o seu lugar na sociedade estava na
contramão das tendências da sua época. Ação Humana foi publicado no
mesmo ano de Fundamentos da Análise Econômica, de Paul Samuelson, e Fundamentos
foi o livro que definiu o tom da economia do século XX. Ele via a economia
como sendo, em grande parte, um problema de engenharia de maximização forçada
por agentes onicientes em equilíbrio. Por várias razões complexas, não apenas
que a visão de Samuelson era mais dócil para as preferências intervencionistas
do pós-guerra, a visão da engenharia venceu e o austrianismo de Mises
viveu uma experiência de quase morte por várias décadas.
Entretanto, as
sementes que Mises plantara, junto com as sementes do livro que discutirei na
próxima semana, formariam a base para o florescer da economia austríaca dos
anos 1970, quando o terceiro dos três livros que escolhi foi publicado.
Ação Humana
permanece uma das
maiores realizações das ciências sociais e talvez o tratado econômico mais
importante do século XX. O renascimento do pensamento em favor do livre mercado
e o aumento da liberdade econômica em todo mundo, pelo menos até recentemente,
devem muito ao Ação Humana e a Mises.
* Publicado
originalmente na revista The Freeman.
Fonte:
Ordem Livre
NÃO EXISTE O PDF DESTE LIVRO FOI TIRADO.PODE COLOCAR NOVAMENTE?
ResponderExcluirÉ uma pena! Mas a biblioteca do Instituto Mises Brasil não disponibiliza mais livros grátis em PDF. Porém eu consegui outro site que tem esse livro “Ação Humana” (que eu considero o melhor livro que alguém possa ler, depois da Bíblia) e atualizei esta página. Agora, basta clicar novamente!
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