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sexta-feira, 3 de abril de 2015

O Objetivo do Liberalismo (PDF Grátis)

Por Ludwig von Mises

Há a opinião, bastante difundida, aliás, de que o liberalismo se distingue de outros movimentos políticos pelo fato de que coloca os interesses de uma parte da sociedade – as classes abastadas, os capitalistas, os empresários – acima dos interesses de outras classes. Essa afirmação é totalmente errônea. O liberalismo sempre teve em vista o bem de todos, e não o de qualquer grupo especial. Foi isso que os utilitários ingleses quiseram dizer – embora, é verdade, de modo não muito apropriado – com seu famoso preceito, “a maior felicidade possível ao maior número possível de pessoas”. Historicamente, o liberalismo foi o primeiro movimento político que almejou a promoção e o bem-estar de todos, e não de grupos especiais. O liberalismo se distingue do socialismo, que, de modo semelhante, declara lutar pelo bem de todos, não em razão do objetivo a que visa, mas pelos meios que escolheu para a consecução desse objetivo. A opinião de que o resultado da política econômica liberal é ou deva ser, necessariamente, o de favorecer interesses especiais de certos estratos da sociedade é uma questão que ainda permite discussão. É uma das tarefas deste trabalho demonstrar que tal acusação de modo algum se justifica. Porém não se pode, logo de início, considerar injusta a pessoa que a professa. Embora a consideremos incorreta, essa opinião poderá muito bem ser defendida com a melhor das intenções. De qualquer modo, quem ataca o liberalismo desse modo admite que as intenções do liberalismo são desinteressadas e que o liberalismo nada procura, senão o que diz procurar.


Bem diferentes, no entanto, são aqueles críticos do liberalismo que o condenam por desejar promover, não o bem-estar geral, mas tão somente os interesses especiais de certas classes. Tais críticos são tão injustos quanto ignorantes. Por escolher esse modo de ataque, demonstram ser bem conscientes, em seu íntimo, da fraqueza de sua própria defesa. Aproveitam-se de armas venenosas, porque, de outro modo, não teriam possibilidade de sucesso.

Se um médico mostra a um paciente, que deseja alimentos prejudiciais à sua saúde, a perversidade deste desejo, ninguém seria tolo de dizer: “O médico não se importa com o bem do paciente; quem deseja o bem do paciente não deve regatear-lhe o prazer de comida tão deliciosa.” Todo mundo entende que o médico aconselha ao paciente esquecer o prazer que o alimento danoso provoca, simplesmente com a finalidade de evitar males à saúde dele. Mas quando a questão se liga às políticas sociais, alguém logo se dispõe a considerá-la bastante diferente. Quando o liberal aconselha a que não se tomem determinadas medidas populares, porque delas espera consequências danosas, é censurado como um inimigo do povo, enquanto que se acumulam loas aos demagogos que, sem levar em conta o mal que provocam, recomendam o que lhes parece conveniente no momento.

Uma ação racional se distingue de uma ação irracional pelo fato de envolver sacrifícios provisórios. Tais sacrifícios são apenas aparentes, uma vez que são contrabalançados pelos resultados favoráveis que surgem mais tarde. A pessoa que evita uma comida saborosa, mas prejudicial faz, simplesmente, um sacrifício provisório e aparente. O resultado – a não ocorrência de males à sua saúde – demonstra que ela não perdeu coisa alguma: ao contrário, ganhou. Agir desse modo, entretanto, exige que se vislumbrem as consequências da ação de alguém. O demagogo se aproveita desse fato. Opõe-se ao liberal, que aconselha sacrifícios provisórios e simplesmente aparentes, e o denuncia como um frio inimigo do povo, ao mesmo tempo em que se coloca como um amigo da humanidade. Em socorro as medidas que advoga, o demagogo sabe muito bem como tocar o coração dos que o ouvem e levá-los às lágrimas, com alusões à necessidade e à miséria.

A política antiliberal é uma política de consumo de capital. Recomenda que o presente seja muito bem provido, à custa do futuro. Trata-se exatamente do mesmo caso do paciente de que falamos. Em ambos os casos, uma desvantagem relativamente dolorosa no futuro se opõe a uma gratificação momentânea e relativamente abundante. Neste caso, afirmar que esta se restringe a uma questão de frieza de coração versus filantropia é absolutamente desonesto e falso. Não é apenas a maioria dos políticos e da imprensa dos partidos antiliberais que é receptiva a esse tipo de acusação. Quase todos os autores da escola do Sozialpolitik fizeram uso desse desleal modo de combate.

Que haja carência e miséria no mundo não é, como um leitor médio de jornal, em sua obtusidade, está apto a acreditar, um argumento contra o liberalismo. É exatamente a carência e a miséria que o liberalismo busca abolir e considera que os meios que propõe utilizar são os únicos apropriados para a consecução deste fim. Que prove o contrário alguém que imagina conhecer meios melhores e mesmo diferentes!

A afirmação de que os liberais não lutam pelo bem de todos os membros da sociedade, mas apenas pelo de grupos especiais, não é, de modo algum, um substituto para esta prova. O fato de que haja carências e misérias não constituiria um argumento contra o liberalismo, mesmo que o mundo, hoje, seguisse uma política econômica liberal. Seria sempre uma questão em aberto, caso ainda maior carência e miséria não prevalecessem, se outras políticas tivessem sido implementadas. Em razão dos modos pelos quais o funcionamento da instituição da propriedade privada é refreado e obstado em todo o lugar, hoje em dia, por políticos antiliberais, é sem dúvida um absurdo procurar inferir algo contra a correção dos princípios liberais, com base no fato de que as condições econômicas não são, de momento, tudo aquilo que se almejava. Para que se possa apreciar o que o liberalismo e o capitalismo alcançaram, devem-se comparar as condições em que se encontram no presente com as condições da Idade Média ou dos primeiros séculos da Era Moderna. Somente se pode inferir, por considerações teóricas, o que o liberalismo e o capitalismo poderiam ter alcançado, se tivessem eles a possibilidade de reinar livremente.

Fonte, do livro: LIBERALISMO SEGUNDO A TRADIÇÃO CLÁSSICA -PDF, aqui na biblioteca do Mises Brasil 

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