(Bolívia, Santa Cruz – Expo Feira, 9 de Julho de
2015)
a) Críticas
subversivas escritas em azul. Por Anon, SSXXI
b) Discurso do Papa Francisco
escrito em preto e vermelho.
Boa tarde a todos!
Há alguns meses, reunimo-nos
em Roma e não esqueço aquele nosso primeiro encontro. Durante este tempo,
trouxe-vos no meu coração e nas minhas orações. Alegra-me vê-vos de novo aqui, debatendo os
melhores caminhos para superar as graves situações de injustiça que padecem os
excluídos em todo o mundo. (A vitimização da classe oprimida: Começa
bem o “nosso” Santo Pontífice, segundo ele, por haver injustiça, sendo os
injustos ou a classe dos opressores, a causa talvez, cuja consequência é a
figura sofrida do excluído, isso é a velha praxe de todos os discursos
socialistas, ou seja, criar ou exacerbar um problema e, logo em seguida,
apontar a causa. Eles, evidentemente, têm a única e tão sonhada solução) Obrigado Senhor Presidente Evo Morales, por
sustentar tão decididamente este Encontro.
Então, em Roma, senti algo
muito belo: fraternidade, paixão, entrega, sede de justiça. Hoje, em Santa Cruz
de la Sierra, volto a sentir o mesmo. Obrigado! Soube também, pelo Pontifício
Conselho «Justiça e Paz» presidido pelo Cardeal Turkson, que são muitos na
Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos movimentos populares. (Aqui, o
Papa confessa, ou pelo menos sabe, que há outros clérigos socialistas, sem
eufemismo, comunistas dentro da igreja) Muito me alegro por isso! (E ele compactua com isso) Ver a Igreja com as portas
abertas a todos vós, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada
diocese, em cada comissão «Justiça e Paz», uma colaboração real, permanente e
comprometida com os movimentos populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as
organizações sociais das periferias urbanas e rurais a aprofundar este encontro. (Nesse parágrafo, o Papa elogia e da
carta branca para a Teologia da Libertação e para os movimentos comunistas
rurais e urbanos).
Deus permitiu que nos
voltássemos a ver hoje. A Bíblia lembra-nos que Deus escuta o clamor do seu
povo e também eu quero voltar a unir a minha voz à vossa: terra, tecto e trabalho para todos os nossos
irmãos e irmãs. Disse-o e repito: são direitos sagrados. (Se o teto é
direito sagrado, por que Cristo nasceu numa manjedoura, dentro de um estábulo e
não dentro de uma casa? São José era carpinteiro, por acaso ele saiu por toda
Jerusalém obrigando alguém a lhe dar emprego? Outra coisa, a ordem: terra, teto
e trabalho está naturalmente errada. Primeiro, vem o trabalho, com o suor do
seu trabalho, compra-se o teto ou a terra).Vale a pena, vale a pena lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja escutado na
América Latina e em toda a terra. (O que se entende por lutar? Será que o Bispo de
Roma quer promover uma intriga entre as classes sociais?).
1. Comecemos por reconhecer
que precisamos duma mudança. (Mudança, que mudaça? A América
Latina já é quase toda bolivariana) Quero esclarecer, para que não haja mal-entendidos, (Que mal-entendido? me perdi! - Vossa Santidade
está se retratando com os comunas, com os católicos ou com a elite da Nova
Ordem Mundial? mas vai lá, continua...) que falo dos problemas comuns de
todos os latino-americanos e, em geral, de toda a humanidade. Problemas, que têm uma matriz global e que
actualmente nenhum Estado pode resolver por si mesmo. Feito este
esclarecimento, proponho que nos coloquemos estas perguntas: (Uma pequena
moderação, não é Papa? Assim o coração dos católicos não aguenta!)
– Reconhecemos nós que as
coisas não andam bem num mundo onde há tantos
camponeses sem terra, tantas famílias sem tecto, tantos trabalhadores sem
direitos, tantas pessoas
feridas na sua dignidade? (Aqui o Papa tenta passar um rolo compressor em
cima da principal lei da economia, ou seja, a escassez. Ele quer distribuir sem
produzir. Até Cristo, quando foi distribuir pão, vinho e peixe, teve que usar a
indústria do milagre para multiplicar os alimentos; e o mais importante, ele
não tirou nada de ninguém para fazer a divisão).
– Reconhecemos nós que as
coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência
fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as coisas não
andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob
ameaça constante? (Bem, aqui dá para notar nitidamente uma marcante
influencia da ONU na vidinha do Santo Padre! Afinal, a Igreja não quer ficar
fora da Nova Ordem Mundial).
Então digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança. (Novamente a palavra mudança, parece
reengenharia social de domínio, enganar os tolos com a velha história de um
mundo melhor. Os países pobres da América do Sul, África e Ásia serão
arrastados para o sistema socialista, serão proibidos de se desenvolverem
industrialmente pelas leis ambientalistas da ONU/NOM, e viverão das migalhas
dos novos exploradores. O comunismo será a melhor solução para os dominados,
que se manterão sempre extrativistas e pobres; mas para elite dos dominadores
tudo que há de melhor produzido pelo livre mercado, e sem concorrência. Afinal,
como aconteceu com todos os países comunistas que não prosperaram, não haverá
mais nações emergentes para importunar a vida e o progresso da velha elite
global).
Nas vossas cartas e nos nossos
encontros, relataram-me as múltiplas exclusões e injustiças que sofrem em cada
actividade laboral, em cada bairro, em cada território. São tantas e tão
variadas como muitas e diferentes são as formas próprias de as enfrentar. Mas
há um elo invisível que une cada uma destas exclusões: conseguimos nós
reconhecê-lo? É que não se trata de questões isoladas. Pergunto-me se somos capazes de reconhecer que
estas realidades destrutivas correspondem a um sistema que se tornou global. Reconhecemos nós que este
sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social
nem na destruição da natureza? (Dissimulação e desinformação, pois foram e são os
países comunistas os que mais poluíram e degradaram a natureza. Nota-se um
falso jogo duplo do Sumo Pontífice, o objetivo, evidentemente, é acirrar ainda
mais o ódio e a revolta dos países pobres do sul contra as potências do norte.
Os metacapitalistas adoram fazer isso, quanto mais intrigas mais lucros, e o
Papa esta fazendo exatamente o jogo deles )
Se é assim – insisto – digamo-lo sem medo: Queremos uma mudança, uma
mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o
suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as
comunidades, não o suportam os povos…. E nem sequer
o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco. (Os socialistas
sempre se utilizam de subterfúgios, de brechas, ou de comparações ardilosas
para justificarem os seus intentos; paradoxalmente, a tudo isso, São Francisco
de Assis em seu Cântico das Criaturas começa a oração exaltando a Deus através
de toda a sua criação, Dizendo: Louvado seja Deus na natureza - Isso é tão
singelo, tão maravilhoso, tão poético, tão despretensioso! Pois é completamente
diferente quando se enxerga, assim como São Francisco vê, Deus na natureza, e
não ter a natureza como se fosse Deus. Papa, por Favor! honre o seu xará e não
tente politizá-lo).
Queremos uma mudança (Para com essa mudança, caralho!) nas nossas vidas, nos nossos
bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima; mas uma mudança que
toque também o mundo inteiro, porque hoje a
interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. (Agora, pegou
pesado, hein! Onde fica nessa história o princípio da subsidiariedade? Como uma
força global vai resolver os problemas do bairro sem que antes os bairros
possam resolver os seus próprios problemas? Quando uma força externa impõe
soluções para problemas internos, o nome que se dá a isso é: Totalitarismo,
afinal, quem surgiu primeiro, o bairro ou o estado).
A globalização da esperança, que nasce dos povos e
cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da
indiferença. (A esperança é um
sentimento muito mais individual do que coletivo, embora, às vezes, possa haver
esse tipo de crença emocional em comum envolvendo vários indivíduos, Ex: os
filhos podem esperar que os pais voltem, a torcida espera que o seu time vença,
mas mesmo quando coletiva, a esperança parte inicialmente dentro de cada indivíduo,
pois os valores são subjetivos. Agora, massificar a esperança, globalizar a esperança?
Imaginem bilhões de indivíduo tendo os mesmos desejos, tendo as mesmas esperanças?
Que terror mais digno de Orwell!)
Hoje quero reflectir convosco sobre a mudança que queremos e precisamos.
Como sabem, recentemente escrevi sobre os problemas da mudança climática. Mas,
desta vez, quero falar duma mudança noutro sentido. Uma mudança positiva, uma
mudança que nos faça bem, uma mudança – poderíamos dizer – redentora. Porque é
dela que precisamos. Sei que buscais uma mudança e não apenas vós: nos
diferentes encontros, nas várias viagens, verifiquei que há uma expectativa,
uma busca forte, um anseio de mudança em todos os povos do mundo. Mesmo dentro
da minoria cada vez mais reduzida que pensa sair beneficiada deste sistema,
reina a insatisfação e sobretudo a tristeza. Muitos esperam uma mudança que os
liberte desta tristeza individualista que escraviza.
O tempo, irmãos e irmãs, o
tempo parece exaurir-se; já não nos contentamos com lutar entre nós, mas
chegamos até a assanhar-nos contra a nossa casa. Hoje, a comunidade científica
aceita aquilo que os pobres já há muito denunciam: estão a produzir-se danos talvez
irreversíveis no ecossistema. Está-se a castigar a terra, os povos e as pessoas
de forma quase selvagem. E por trás de tanto sofrimento, tanta morte e
destruição, sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia chamava «o
esterco do diabo»: reina a ambição desenfreada de dinheiro. O serviço ao bem
comum fica em segundo plano. Quando o capital se torna um ídolo e dirige as
opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema
socioecónomico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo,
destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como
vemos, põe em risco esta nossa casa comum.
Não quero alongar-me na
descrição dos efeitos malignos desta ditadura subtil: vós conhecei-los! Mas
também não basta assinalar as causas estruturais do drama social e ambiental
contemporâneo. Sofremos de um certo excesso de diagnóstico, que às vezes nos
leva a um pessimismo charlatão ou a rejubilar com o negativo. Ao ver a crónica
negra de cada dia, pensamos que não haja nada que se possa fazer para além de
cuidar de nós mesmos e do pequeno círculo da família e dos amigos.
Que posso fazer eu, recolhedor
de papelão, catador de lixo, limpador, reciclador, frente a tantos problemas,
se mal ganho para comer? Que posso fazer eu, artesão, vendedor ambulante,
carregador, trabalhador irregular, se não tenho sequer direitos laborais? Que
posso fazer eu, camponesa, indígena, pescador que dificilmente consigo resistir
à propagação das grandes corporações? Que posso fazer eu, a partir da minha
comunidade, do meu barraco, da minha povoação, da minha favela, quando sou
diariamente discriminado e marginalizado? Que pode fazer aquele estudante,
aquele jovem, aquele militante, aquele missionário que atravessa as favelas e
os paradeiros com o coração cheio de sonhos, mas quase sem nenhuma solução para
os meus problemas? Muito! Podem fazer muito. Vós, os mais humildes, os
explorados, os pobres e excluídos, podeis e fazeis muito. Atrevo-me a dizer que
o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas mãos, na vossa
capacidade de vos organizar e promover alternativas criativas na busca diária
dos “3 T” (trabalho, tecto, terra), e também na vossa participação como
protagonistas nos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais.
Não se acanhem!
2. Vós sois semeadores de
mudança. Aqui, na Bolívia, ouvi uma frase de que gosto muito: «processo de
mudança». A mudança concebida, não como algo que um dia chegará porque se impôs
esta ou aquela opção política ou porque se estabeleceu esta ou aquela estrutura
social. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas, que não seja
acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo
ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. Por isso gosto
tanto da imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o
que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de
poder disponíveis e de ver resultados imediatos. Cada um de nós é apenas uma
parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: povos que lutam
por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por «viver bem».
Vós, a partir dos movimentos
populares, assumis as tarefas comuns motivados pelo amor fraterno, que se rebela
contra a injustiça social. Quando olhamos o rosto dos que sofrem, o rosto do
camponês ameaçado, do trabalhador excluído, do indígena oprimido, da família
sem tecto, do imigrante perseguido, do jovem desempregado, da criança
explorada, da mãe que perdeu o seu filho num tiroteio porque o bairro foi
tomado pelo narcotráfico, do pai que perdeu a sua filha porque foi sujeita à
escravidão; quando recordamos estes «rostos e nomes» estremecem-nos as
entranhas diante de tanto sofrimento e comovemo-nos…. Porque «vimos e ouvimos»,
não a fria estatística, mas as feridas da humanidade dolorida, as nossas
feridas, a nossa carne. Isto é muito diferente da teorização abstracta ou da
indignação elegante. Isto comove-nos, move-nos e procuramos o outro para nos
movermos juntos. Esta emoção feita acção comunitária é incompreensível apenas
com a razão: tem um plus de sentido que só os povos entendem e que confere a
sua mística particular aos verdadeiros movimentos populares.
Vós viveis, cada dia, imersos
na crueza da tormenta humana. Falastes-me das vossas causas, partilhastes
comigo as vossas lutas. E agradeço-vos. Queridos irmãos, muitas vezes
trabalhais no insignificante, no que aparece ao vosso alcance, na realidade
injusta que vos foi imposta e a que não vos resignais opondo uma resistência
activa ao sistema idólatra que exclui, degrada e mata. Vi-vos trabalhar
incansavelmente pela terra e a agricultura camponesa, pelos vossos territórios
e comunidades, pela dignificação da economia popular, pela integração urbana
das vossas favelas e agrupamentos, pela auto-construção de moradias e o
desenvolvimento das infra-estruturas do bairro e em muitas actividades
comunitárias que tendem à reafirmação de algo tão elementar e inegavelmente
necessário como o direito aos “3 T”: terra, tecto e trabalho.
Este apego ao bairro, à terra,
ao território, à profissão, à corporação, este reconhecer-se no rosto do outro,
esta proximidade no dia-a-dia, com as suas misérias e os seus heroísmos
quotidianos, é o que permite realizar o mandamento do amor, não a partir de
ideias ou conceitos, mas a partir do genuíno encontro entre pessoas, porque não
se amam os conceitos nem as ideias; amam-se as pessoas. A entrega, a verdadeira
entrega nasce do amor pelos homens e mulheres, crianças e idosos, vilarejos e
comunidades… Rostos e nomes que enchem o coração. A partir destas sementes de
esperança semeadas pacientemente nas periferias esquecidas do planeta, destes
rebentos de ternura que lutam por subsistir na escuridão da exclusão, crescerão
grandes árvores, surgirão bosques densos de esperança para oxigenar este mundo.
Vejo, com alegria, que
trabalhais no que aparece ao vosso alcance, cuidando dos rebentos; mas, ao
mesmo tempo, com uma perspectiva mais ampla, protegendo o arvoredo. Trabalhais
numa perspectiva que não só aborda a realidade sectorial que cada um de vós
representa e na qual felizmente está enraizada, mas procurais também resolver,
na sua raiz, os problemas gerais de pobreza, desigualdade e exclusão.
Felicito-vos por isso. É
imprescindível que, a par da reivindicação dos seus legítimos direitos, os
povos e as suas organizações sociais construam uma alternativa humana à
globalização exclusiva. Vós sois semeadores de mudança. Que Deus vos dê
coragem, alegria, perseverança e paixão para continuar a semear. Podeis ter a
certeza de que, mais cedo ou mais tarde, vamos ver os frutos. Peço aos
dirigentes: sede criativos e nunca percais o apego às coisas próximas, porque o
pai da mentira sabe usurpar palavras nobres, promover modas intelectuais e adoptar
posições ideológicas, mas se construirdes sobre bases sólidas, sobre as
necessidades reais e a experiência viva dos vossos irmãos, dos camponeses e
indígenas, dos trabalhadores excluídos e famílias marginalizadas, de certeza
não vos equivocareis.
A Igreja não pode nem deve ser
alheia a este processo no anúncio do Evangelho. Muitos sacerdotes e agentes
pastorais realizam uma tarefa imensa acompanhando e promovendo os excluídos em
todo o mundo, ao lado de cooperativas, dando impulso a empreendimentos, construindo
casas, trabalhando abnegadamente nas áreas da saúde, desporto e educação. Estou
convencido de que a cooperação amistosa com os movimentos populares pode
robustecer estes esforços e fortalecer os processos de mudança.
No coração, tenhamos sempre a
Virgem Maria, uma jovem humilde duma pequena aldeia perdida na periferia dum
grande império, uma mãe sem tecto que soube transformar um curral de animais na
casa de Jesus com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Maria é sinal
de esperança para os povos que sofrem dores de parto até que brote a justiça.
Rezo à Virgem do Carmo, padroeira da Bolívia, para fazer com que este nosso
Encontro seja fermento de mudança.
3. Por último, gostaria que
reflectíssemos, juntos, sobre algumas tarefas importantes neste momento
histórico, pois queremos uma mudança positiva em benefício de todos os nossos
irmãos e irmãs. Disto estamos certos! Queremos uma mudança que se enriqueça com
o trabalho conjunto de governos, movimentos populares e outras forças sociais. Sabemos
isto também! Mas não é tão fácil definir o conteúdo da mudança, ou seja, o
programa social que reflicta este projecto de fraternidade e justiça que
esperamos. Neste sentido, não esperem uma receita deste Papa. Nem o Papa nem a
Igreja têm o monopólio da interpretação da realidade social e da proposta de
soluções para os problemas contemporâneos. Atrever-me-ia a dizer que não existe
uma receita. A história é construída pelas gerações que se vão sucedendo no
horizonte de povos que avançam individuando o próprio caminho e respeitando os
valores que Deus colocou no coração.
Gostaria, no entanto, de vos
propor três grandes tarefas que requerem a decisiva contribuição do conjunto
dos movimentos populares:
3.1 A primeira tarefa é pôr a
economia ao serviço dos povos.
Os seres humanos e a natureza
não devem estar ao serviço do dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão
e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata.
Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra.
A economia não deveria ser um
mecanismo de acumulação, mas a condigna administração da casa comum. Isto
implica cuidar zelosamente da casa e distribuir adequadamente os bens entre
todos. A sua finalidade não é unicamente garantir o alimento ou um «decoroso
sustento». Não é sequer, embora fosse já um grande passo, garantir o acesso aos
“3 T” pelos quais combateis. Uma economia verdadeiramente comunitária –
poder-se-ia dizer, uma economia de inspiração cristã – deve garantir aos povos
dignidade, «prosperidade e civilização em seus múltiplos aspectos».[1] Isto
envolve os “3 T” mas também acesso à educação, à saúde, à inovação, às
manifestações artísticas e culturais, à comunicação, ao desporto e à recreação.
Uma economia justa deve criar as condições para que cada pessoa possa gozar
duma infância sem privações, desenvolver os seus talentos durante a juventude,
trabalhar com plenos direitos durante os anos de actividade e ter acesso a uma
digna aposentação na velhice. É uma economia onde o ser humano, em harmonia com
a natureza, estrutura todo o sistema de produção e distribuição de tal modo que
as capacidades e necessidades de cada um encontrem um apoio adequado no ser
social. Vós – e outros povos também – resumis este anseio duma maneira simples
e bela: «viver bem».
Esta economia é não apenas
desejável e necessária, mas também possível. Não é uma utopia, nem uma fantasia. É uma perspectiva extremamente
realista. Podemos conseguí-la.
(Mais parece um discurso de Lênin, de Mao Tse tung ou de Hitler; foi
dizendo que não era uma utopia, que eles exterminaram mais de 450 milhões de
seres humano, isso, contado com as práticas de abortos. Somente na China, somam
mais que 300 milhões. O principal objetivo do ambientalismo malthusiano
comunista da ONU é o extermínio de seres humanos, principalmente o extermínio
dos pobres, negros e outras minorias. Será que o Papa amante de Gaia é a favor
disso?
Os recursos disponíveis no
mundo, fruto do trabalho intergeneracional dos povos e dos dons da criação, são
mais que suficientes para o desenvolvimento integral de «todos os homens e do
homem todo».[2] Mas o problema é outro. Existe um sistema com outros
objectivos. Um sistema que, apesar de acelerar irresponsavelmente os ritmos da
produção, apesar de implementar métodos na indústria e na agricultura que
sacrificam a Mãe Terra na ara da «produtividade», continua a negar a milhares
de milhões de irmãos os mais elementares direitos económicos, sociais e
culturais. Este sistema atenta contra o projecto de Jesus.
A justa distribuição dos
frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia. É um dever moral.
Para os cristãos, o encargo é ainda mais forte: é um mandamento. Trata-se de
devolver aos pobres e às pessoas o que lhes pertence. O destino universal dos
bens não é um adorno retórico da doutrina social da Igreja. É uma realidade
anterior à propriedade privada. A propriedade, sobretudo quando afecta os
recursos naturais, deve estar sempre em função das necessidades das pessoas. E
estas necessidades não se limitam ao consumo. Não basta deixar cair algumas
gotas, quando os pobres agitam este copo que, por si só, nunca derrama. Os
planos de assistência que acodem a certas emergências deveriam ser pensados
apenas como respostas transitórias. Nunca poderão substituir a verdadeira
inclusão: a inclusão que dá o trabalho digno, livre, criativo, participativo e
solidário.
Neste caminho, os movimentos
populares têm um papel essencial, não apenas exigindo e reclamando, mas
fundamentalmente criando. Vós sois poetas sociais: criadores de trabalho,
construtores de casas, produtores de alimentos, sobretudo para os descartados
pelo mercado global.
Conheci de perto várias
experiências, onde os trabalhadores, unidos em cooperativas e outras formas de
organização comunitária, conseguiram criar trabalho onde só havia sobras da
economia idólatra. As empresas recuperadas, as feiras francas e as cooperativas
de catadores de papelão são exemplos desta economia popular que surge da
exclusão e que pouco a pouco, com esforço e paciência, adopta formas solidárias
que a dignificam. Quão diferente é isto do facto de os descartados pelo mercado
formal serem explorados como escravos!
Os governos que assumem como
própria a tarefa de colocar a economia ao serviço das pessoas devem promover o
fortalecimento, melhoria, coordenação e expansão destas formas de economia
popular e produção comunitária. Isto implica melhorar os processos de trabalho,
prover de adequadas infra-estruturas e garantir plenos direitos aos
trabalhadores deste sector alternativo. Quando Estado e organizações sociais
assumem, juntos, a missão dos “3 T”, activam-se os princípios de solidariedade
e subsidiariedade que permitem construir o bem comum numa democracia plena e
participativa.
3.2 A segunda tarefa é unir os
nossos povos no caminho da paz e da justiça.
Os povos do mundo querem ser
artífices do seu próprio destino. Querem caminhar em paz para a justiça. Não
querem tutelas nem interferências, onde o mais forte subordina o mais fraco.
Querem que a sua cultura, o seu idioma, os seus processos sociais e tradições
religiosas sejam respeitados. Nenhum poder efectivamente constituído tem
direito de privar os países pobres do pleno exercício da sua soberania e,
quando o fazem, vemos novas formas de colonialismo que afectam seriamente as
possibilidades de paz e justiça, porque «a paz funda-se não só no respeito
pelos direitos do homem, mas também no respeito pelo direito dos povos,
sobretudo o direito à independência».[3]
Os povos da América Latina
alcançaram, com um parto doloroso, a sua independência política e, desde então,
viveram já quase dois séculos duma história dramática e cheia de contradições
procurando conquistar uma independência plena.
Nos últimos anos, depois de
tantos mal-entendidos, muitos países latino-americanos viram crescer a
fraternidade entre os seus povos. Os governos da região juntaram seus esforços
para fazer respeitar a sua soberania, a de cada país e a da região como um todo
que, de forma muito bela como faziam os nossos antepassados, chamam a «Pátria
Grande». Peço-vos, irmãos e irmãs dos movimentos populares, que cuidem e façam
crescer esta unidade. É necessário manter a unidade contra toda a tentativa de
divisão, para que a região cresça em paz e justiça.
Apesar destes avanços, ainda
subsistem factores que atentam contra este desenvolvimento humano equitativo e
coarctam a soberania dos países da «Pátria Grande» e doutras latitudes do
Planeta. O novo colonialismo assume variadas fisionomias. Às vezes, é o poder
anónimo do ídolo dinheiro: corporações, credores, alguns tratados denominados
«de livre comércio» e a imposição de medidas de «austeridade» que sempre
apertam o cinto dos trabalhadores e dos pobres. Os bispos latino-americanos
denunciam-no muito claramente, no documento de Aparecida, quando afirmam que
«as instituições financeiras e as empresas transnacionais se fortalecem ao
ponto de subordinar as economias locais, sobretudo debilitando os Estados, que
aparecem cada vez mais impotentes para levar adiante projetos de
desenvolvimento a serviço de suas populações».[4] Noutras ocasiões, sob o nobre
disfarce da luta contra a corrupção, o narcotráfico ou o terrorismo – graves
males dos nossos tempos que requerem uma acção internacional coordenada – vemos
que se impõem aos Estados medidas que pouco têm a ver com a resolução de tais
problemáticas e muitas vezes tornam as coisas piores.
Da mesma forma, a concentração
monopolista dos meios de comunicação social que pretende impor padrões
alienantes de consumo e certa uniformidade cultural é outra das formas que adopta
o novo colonialismo. É o colonialismo ideológico. Como dizem os bispos da
África, muitas vezes pretende-se converter os países pobres em «peças de um
mecanismo, partes de uma engrenagem gigante».[5]
Temos de reconhecer que nenhum
dos graves problemas da humanidade pode ser resolvido sem a interacção dos
Estados e dos povos a nível internacional. Qualquer acto de envergadura
realizado numa parte do Planeta repercute-se no todo em termos económicos,
ecológicos, sociais e culturais. Até o crime e a violência se globalizaram. Por
isso, nenhum governo pode actuar à margem duma responsabilidade comum. Se
queremos realmente uma mudança positiva, temos de assumir humildemente a nossa
interdependência. Mas interacção não é sinónimo de imposição, não é subordinação
de uns em função dos interesses dos outros. O colonialismo, novo e velho, que
reduz os países pobres a meros fornecedores de matérias-primas e mão de obra
barata, gera violência, miséria, emigrações forçadas e todos os males que vêm
juntos… precisamente porque, ao pôr a periferia em função do centro, nega-lhes
o direito a um desenvolvimento integral. Isto é desigualdade, e a desigualdade
gera violência que nenhum recurso policial, militar ou dos serviços secretos
será capaz de deter.
Digamos NÃO às velhas e novas
formas de colonialismo. Digamos SIM ao encontro entre povos e culturas.
Bem-aventurados os que trabalham pela paz.
Aqui quero deter-me num tema
importante. É que alguém poderá, com direito, dizer: «Quando o Papa fala de
colonialismo, esquece-se de certas acções da Igreja». Com pesar, vo-lo digo:
Cometeram-se muitos e graves pecados contra os povos nativos da América, em
nome de Deus. Reconheceram-no os meus antecessores, afirmou-o o CELAM e quero
reafirmá-lo eu também. Como São João Paulo II, peço que a Igreja «se ajoelhe
diante de Deus e implore o perdão para os pecados passados e presentes dos seus
filhos».[6] E eu quero dizer-vos, quero ser muito claro, como foi São João
Paulo II: Peço humildemente perdão, não só para as ofensas da própria Igreja,
mas também para os crimes contra os povos nativos durante a chamada conquista
da América.
Peço-vos também a todos,
crentes e não crentes, que se recordem de tantos bispos, sacerdotes e leigos
que pregaram e pregam a boa nova de Jesus com coragem e mansidão, respeito e em
paz; que, na sua passagem por esta vida, deixaram impressionantes obras de
promoção humana e de amor, pondo-se muitas vezes ao lado dos povos indígenas ou
acompanhando os próprios movimentos populares mesmo até ao martírio. A Igreja,
os seus filhos e filhas, fazem parte da identidade dos povos na América Latina.
Identidade que alguns poderes, tanto aqui como noutros países, se empenham por
apagar, talvez porque a nossa fé é revolucionária, porque a nossa fé desafia a
tirania do ídolo dinheiro. Hoje vemos, com horror, como no Médio Oriente e
noutros lugares do mundo se persegue, tortura, assassina a muitos irmãos nossos
pela sua fé em Jesus. Isto também devemos denunciá-lo: dentro desta terceira
guerra mundial em parcelas que vivemos, há uma espécie de genocídio em curso
que deve cessar.
Aos irmãos e irmãs do
movimento indígena latino-americano, deixem-me expressar a minha mais profunda
estima e felicitá-los por procurarem a conjugação dos seus povos e culturas
segundo uma forma de convivência, a que eu chamo poliédrica, onde as partes
conservam a sua identidade construindo, juntas, uma pluralidade que não atenta
contra a unidade, mas fortalece-a. A sua procura desta interculturalidade que
conjuga a reafirmação dos direitos dos povos nativos com o respeito à
integridade territorial dos Estados enriquece-nos e fortalece-nos a todos.
3.3 A terceira tarefa, e
talvez a mais importante que devemos assumir hoje, é defender a Mãe Terra.
A casa comum de todos nós está
a ser saqueada, devastada, vexada impunemente. A covardia em defendê-la é um
pecado grave. Vemos, com crescente decepção, sucederem-se uma após outra
cimeiras internacionais sem qualquer resultado importante. Existe um claro,
definitivo e inadiável imperativo ético de actuar que não está a ser cumprido.
Não se pode permitir que certos interesses – que são globais, mas não
universais – se imponham, submetendo Estados e organismos internacionais, e
continuem a destruir a criação. Os povos e os seus movimentos são chamados a
clamar, mobilizar-se, exigir – pacífica mas tenazmente – a adopção urgente de
medidas apropriadas. Peço-vos, em nome de Deus, que defendais a Mãe Terra.
Sobre este assunto, expressei-me devidamente na carta encíclica Laudato si’.
4. Para concluir, quero
dizer-lhes novamente: O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos
grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente
nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos
que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança. Estou convosco.
Digamos juntos do fundo do coração:
nenhuma família sem tecto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem
direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma
criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma
veneranda velhice.
(Pura ideologia da libertação, o papa declara abertamente que quer por
que quer um paraíso na terra!) Continuai com a vossa luta e, por favor, cuidai bem
da Mãe Terra. (Agora fiquei em dúvida! Qual é a verdadeira mãe
do Santo Pontífice, se é a Mãe Maria ou se é Gaia? O papa está completamente
ONOnizado!) Rezo
por vós, rezo convosco e quero pedir a nosso Pai Deus que vos acompanhe e
abençoe, que vos cumule do seu amor e defenda no caminho concedendo-vos, em
abundância, aquela força que nos mantém de pé: esta força é a esperança, a esperança que não decepciona. (A esperança venceu
o medo, quem se lembra dessa frase sem nexo? Agora essa! A esperança que não
decepciona do papa, talvez seja porque morremos com ela! Porém espero que o
papa não seja excomungado)
Obrigado! E peço-vos, por favor, que rezeis por mim.
Cada frase do Papa
merece uma crítica, mas estou sem tempo, logo termino. Anon, SSXXI
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! Boa parte dos conhecimentos surgiu dos questionamentos.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.