Tendo em conta o futuro digno e democrático de nossa comum pátria
européia,
– Considerando que as sociedades que esquecem seu passado carecem de
futuro;
– Considerando que a Europa não se unirá a menos que seja capaz de
unificar sua história, de reconhecer o comunismo e o nacional-socialismo como
um legado comum e de conseguir um debate sincero e profundo sobre todos os
crimes totalitários do século passado;
– Considerando que a ideologia comunista é diretamente responsável por
crimes contra a humanidade;
– Considerando que a má consciência que se deriva do passado comunista
é uma pesada carga para o futuro da Europa e para nossos filhos;
– Considerando que diferentes valorações do passado comunista ainda
podem dividir a Europa em Ocidente e Oriente;
– Considerando que a unidade européia foi uma resposta direta às
guerras e à violência causada pelos sistemas totalitários no continente;
– Considerando que a consciência dos crimes de lesa-humanidade
cometidos pelos regimes comunistas em todo o continente deve informar a todas
as mentes européias, na mesma medida que os crimes do regime
nacional-socialista;
– Considerando que existem similitudes entre o nacional-socialismo e o
comunismo no que se refere a seus caráter horrível e espantoso, e a seus crimes
contra a humanidade;
– Considerando que os crimes do comunismo ainda necessitam ser
avaliados e julgados desde os pontos de vista jurídico, moral e político, assim
como do ponto de vista histórico;
– Considerando que tais crimes foram justificados em nome da teoria da
luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado, que utilizam
o terror como método para preservar o poder dos Governos que o aplicaram;
– Considerando que a ideologia comunista foi utilizada como uma ferramenta
em mãos de imperialistas na Europa e na Ásia para alcançar seus planos
expansionistas;
– Considerando que muitos dos autores que cometem e cometeram crimes em
nome do comunismo ainda não foram levados ante a justiça, e suas vítimas ainda
não foram indenizadas nem satisfeitas;
– Considerando que o objetivo de proporcionar informação completa sobre
o passado totalitário comunista, que conduza a uma compreensão mais profunda e
ao debate é uma condição necessária para a futura integração de todas as nações
européias;
– Considerando que a reconciliação definitiva de todos os povos
europeus não é possível sem um esforço potente para estabelecer a verdade e
para restaurar a memória;
– Considerando que o passado comunista da Europa deve ser tratado a
fundo, tanto na academia como ao público em geral, e as gerações futuras devem
ter fácil acesso à informação sobre o comunismo;
– Considerando que em diferentes partes do mundo só uns poucos
regimes totalitários comunistas sobrevivem, porém que, todavia, oprimem
aproximadamente a um quinto da população mundial, e ainda se aferram ao
poder cometendo delitos e impondo um alto custo para o bem-estar de seus povos;
– Considerando que em muitos países, apesar de que os partidos
comunistas já não estão no poder, não se distanciaram publicamente dos crimes
dos regimes comunistas nem os condenaram;
– Considerando que Praga é um dos lugares que sofreu tanto com o
nazismo quanto com o comunismo,
Estando convencidos de que os milhões de vítimas do comunismo e suas
famílias têm direito a desfrutar da justiça, da solidariedade, da compreensão e
do reconhecimento de seus sofrimentos da mesma forma que as vítimas do nazismo
foram moral e politicamente reconhecidos,
Nós, os
participantes da Conferência de Praga Consciência européia e o comunismo,
– Ante a Resolução do Parlamento Europeu sobre o sexagésimo aniversário
do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 8 de maio de 1945, de 12 de maio
de 2005,
– Ante a Resolução 1.481 da Assembléia Parlamentar do Conselho da
Europa, de 26 de janeiro de 2006,
– Ante as resoluções sobre os crimes comunistas adotadas por vários
Parlamentos nacionais,
– Ante a experiência da Comissão pela Verdade e a Reconciliação na
África do Sul,
– Ante a experiência dos Institutos da Memória e os Memoriais na
Polônia, Alemanha, Eslováquia, República Checa, Estados Unidos, o Instituto
para a Investigação de Crimes Comunistas na Romênia, os museus da ocupação da
Lituânia, Letônia e Estônia, assim como a Casa do Terror na Hungria,
Ante as presidências atuais e
futuras na UE e no Conselho da Europa.
– Ante o fato de que 2009 é o vigésimo aniversário da queda do
comunismo na Europa Central e Oriental, assim como dos assassinatos em massa na
Romênia e no massacre da Praça de Tianamen em Pequim,
Pedimos:
1. Chegar a um entendimento entre todos os europeus de que os regimes
totalitários nazista e comunista devem ser julgados por seus próprios méritos
terríveis, por serem destrutivos em suas políticas de maneira sistemática na
aplicação das formas extremas de terror, da supressão de todos os direitos
civis e das liberdades humanas, começando pelas guerras de agressão e, como uma
parte inseparável de suas ideologias, o extermínio e a deportação de nações
inteiras e grupos de população, e que como tais devem ser considerados os
principais desastres que frustraram o século XX,
2. O reconhecimento de que muitos crimes cometidos em nome do comunismo
devem ser qualificados como crimes de lesa-humanidade, de modo que constituam
uma advertência para as gerações futuras da mesma maneira que os crimes
nazistas foram julgados pelo Tribunal de Nüremberg,
3. A formulação de um enfoque comum a respeito dos crimes dos regimes
totalitários, incluídos os regimes comunistas, e uma versão européia dos crimes
comunistas, a fim de definir claramente uma atitude comum frente aos crimes dos
regimes comunistas,
4. A introdução de uma legislação que permita aos tribunais de justiça
julgar e condenar os culpados pelos crimes comunistas e compensar as vítimas do
comunismo,
5. A garantia do princípio de igualdade de tratamento e
não-discriminação entre as vítimas de todos os regimes totalitários,
6. A pressão européia e internacional para a condenação efetiva dos
crimes do passado comunista e da luta eficaz contra os crimes comunistas em
curso,
7. O reconhecimento do comunismo como parte integrante e horrível da
história comum da Europa,
8. A aceitação por toda a Europa da responsabilidade pelos crimes
cometidos pelo comunismo,
9. O estabelecimento de 23 de agosto, dia da assinatura do pacto
Hitler-Stalin, conhecido como o Pacto Molotov-Ribbentrop, como um dia de
lembrança das vítimas dos regimes totalitários nazista e comunista, do mesmo
modo que a Europa recorda as vítimas do Holocausto em 27 de janeiro,
10. A reclamação aos Parlamentos nacionais para que reconheçam os crimes comunistas como crimes
contra a humanidade, e modifiquem a legislação pertinente,
11. O debate público sobre o mal uso comercial e político dos símbolos
comunistas,
12. A continuação das audiências da Comissão Européia com respeito às
vítimas dos regimes totalitários, com vistas à elaboração de uma comunicação da
Comissão,
13. O estabelecimento de comitês compostos por experts independentes
nos Estados europeus que foram governados por regimes comunistas totalitários,
com a tarefa de recolher informação sobre violações dos direitos humanos sob
cada regime comunista totalitário em nível nacional, com o fim de colaborar
estreitamente com o Conselho de Comitê de experts da Europa,
14. A elaboração de um claro marco jurídico internacional em relação a
um acesso livre e irrestrito aos arquivos que contêm informação sobre os crimes
do comunismo,
15. A fundação de um Instituto
Europeu da Memória e da Consciência, que teria duas funções:
A) a de um instituto europeu dedicado à investigação dos estudos do
totalitarismo, o desenvolvimento de projetos científicos e educacionais e o
apoio à criação de redes de institutos de investigação nacionais especializados
no tema da experiência totalitária,
B) e a de um museu memorial de âmbito europeu das vítimas de todos os
regimes totalitários, com o objetivo de recordar as vítimas destes regimes e de
dar a conhecer os crimes cometidos por eles,
16. A organização de uma conferência internacional sobre os crimes
cometidos pelos regimes comunistas totalitários, com a participação de
representantes de governos, parlamentares, acadêmicos, experts e associações,
cujos resultados devem ser difundidos no mundo inteiro,
17. O ajuste e a revisão de livros de texto de história européia, para
que as crianças possam aprender e ser advertidas sobre o comunismo e seus
crimes, da mesma forma que se lhes ensinou a compreender os crimes nazistas,
18. A abertura de um amplo e profundo debate em toda a Europa sobre a
história européia e a herança comunista,
19. A comemoração conjunta do 20º aniversário no próximo ano da queda
do Muro de Berlim, do massacre da Praça Tianamen e da matança na Romênia.
Nós, os participantes da Conferência
de Praga Consciência Européia e o Comunismo, nos dirigimos a todos os
povos da Europa, a todas as instituições políticas européias, inclusive os
Governos e os Parlamentos nacionais, o Parlamento Europeu, a Comissão Européia,
o Conselho da Europa e outros órgãos internacionais pertinentes, e os exortamos
a abraçar as idéias e as propostas enunciadas nesta Declaração de Praga, e a convertê-las em medidas práticas e
políticas.
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