As famílias e as relações de parentesco
implicam o absolutismo cultural. Como uma questão de fato sócio-psicológico, os
sentimentos igualitaristas e relativistas encontram apoio constante nas
gerações cada vez mais novas de adolescentes. Devido ao seu desenvolvimento
mental ainda incompleto, os jovens – especialmente os do sexo masculino – estão
sempre suscetíveis a ambas as ideias.
A adolescência é caracterizada por
explosões regulares (e, para essa fase, normais) de rebelião (revolta) contra a
disciplina imposta pela vida familiar e pela autoridade paternal. O relativismo
cultural e o multiculturalismo fornecem o instrumento ideológico para a
emancipação de tais limitações. E o igualitarismo – baseado na visão infantil
de que a propriedade é “dada” (sendo, portanto, distribuída de maneira
arbitrária) e não individualmente apropriada e produzida (sendo, portanto, distribuída
de maneira justa, i.e., de acordo com a produtividade pessoal) – fornece os
meios intelectuais através dos quais os jovens rebeldes podem reivindicar os
recursos econômicos necessários para uma vida livre e fora do quadro
disciplinar das famílias.
A execução do pacto é, em grande medida,
uma questão de prudência, obviamente. Como e quando reagir e que
medidas de proteção adotar são temas que requerem julgamento por parte dos
membros da comunidade e, em especial, do titular e da elite comunitária.
Assim, por exemplo, na medida em que as
ameaças do relativismo moral e do igualitarismo estão restritas a uma pequena
proporção de adolescentes e de jovens adultos durante apenas um breve período
das suas vidas (até que estabeleçam uma família na idade adulta), pode muito
bem ser suficiente simplesmente não fazer nada.
Os defensores do relativismo cultural e
do igualitarismo representariam pouco mais do que aborrecimentos ou irritações
temporários, e a punição (sob a forma de ostracismo) pode ser bem leve e
branda. Uma pequena dose de ridicularização e de desprezo pode ser tudo quanto
seja necessário para conter a ameaça relativista e igualitarista.
Quando o espírito de relativismo moral e
de igualitarismo se consolida entre os membros adultos da sociedade (entre as
mães, os pais e os chefes de famílias e de empresas), a situação, contudo,
torna-se muito diferente; e medidas mais drásticas podem ser necessárias.
Assim que os membros maduros da
sociedade habitualmente expressam aceitação dos sentimentos igualitaristas ou
até mesmo os defendem – seja na forma de democracia (governo da maioria), seja
na forma de comunismo –, torna-se essencial que outros membros – em especial,
as elites sociais naturais – estejam preparados para agir de forma decisiva; e,
no caso de a inconformidade continuar, eles devem excluir e, em última instância,
expulsar esses membros da sociedade. Em um pacto celebrado entre o titular e os
inquilinos da comunidade com a finalidade de proteger as suas propriedades
privadas, não há algo como um direito de livre (ilimitada) expressão, nem mesmo
um direito de expressão ilimitada na própria propriedade de um inquilino.
É possível dizer inúmeras coisas e
promover qualquer ideia sob este sol; mas, naturalmente, não é lícito a ninguém
defender ideias contrárias à própria finalidade do pacto de preservação e de proteção da propriedade privada
(ideias como a democraciae o comunismo). Não pode haver
tolerância para com os democratas e os comunistas em uma ordem social
libertária. Eles terão de ser fisicamente separados e expulsos da sociedade.
Da mesma forma, em uma aliança fundada
com a finalidade de proteger a família e os clãs, não pode haver tolerância
para com aqueles que habitualmente promovem estilos de vida incompatíveis com
esse objetivo. Eles – os defensores de estilos de vida alternativos, avessos à família e a tudo
que é centrado no parentesco (como, por exemplo, o hedonismo, o
parasitismo, o culto da natureza edo meio ambiente, a homossexualidade ou
o comunismo) – terão deser também removidos fisicamente da
sociedade para que se preserve a ordem libertária... Hans-Hermann Hoppe
Fonte:
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