Robert Higgs escreveu:
Eis o que se
observa: as pessoas não se opõem à corrupção na política e no governo. Elas se
opõem apenas àquela corrupção perpetrada por quem elas não aprovam.
Ou, falando
mais claramente, elas se opõem apenas à corrupção que não direciona dinheiro,
poder e domínio a elas próprias, e sim aos seus rivais ideológicos.
Todo o
processo que envolve o assim chamado "governo democrático" nada mais
é do que um amplo esquema de corrupção em larga escala, o qual é sustentado
pela ameaça de violência: se você se recusar a dar seu dinheiro, via impostos,
para essas pessoas, você é encarcerado. E se tentar resistir à prisão, você
pode ser morto.
Partidários
políticos, em particular, são completamente amorais em relação à corrupção do
processo político. Se o partido vermelho é exposto como tendo recebido propinas
ou tendo desviado dinheiro público para favorecer seus empresários favoritos, o
partido azul e seus entusiastas imediatamente se travestem do manto da
moralidade infinita. Mas tão logo se descobre que este também usufruía o butim,
seus partidários se calam, e o partido vermelho e seus defensores imediatamente
se excitam e passa a posar de moralista. (Já o partido do centro não tem
apoiadores e nem sequer se dá ao trabalho de posar de moralista; já parte
direto para o esbulho).
É claro que a
corrupção não se limita apenas às altas esferas federais. Estas são apenas as
mais reportadas. Tanto nos governos estaduais quanto nos municipais, a
corrupção é uma prática que fornece uma igualdade de oportunidade a todos. Com
efeito, é exatamente por isso que os governos federal, estaduais e municipais
não param de crescer: para conceder igualdade de oportunidade (de esbulho) a
todos os seus ocupantes.
Se o governo
se limitasse apenas à função de proteger os direitos naturais das pessoas —
cada cidadão não pode ter sua vida retirada, sua propriedade honestamente
adquirida confiscada, e sua livre iniciativa tolhida —, como defendia John
Locke, ele poderia operar com uma ínfima fração do dinheiro e do número de
burocratas atuais.
Mas dado que o
aparato estatal é uma máquina especializada em tomar dinheiro de uns para
enriquecer outros — deixando um pedágio no meio do caminho para seus operadores
(políticos) —, impossível esta máquina parar de crescer. E impossível parar de
se corromper.
Sendo assim,
por que realmente alguém deveria se surpreender quando um novo esquema de
corrupção é revelado? Ou quando um novo político é flagrado? O sistema foi
criado exatamente para facilitar e estimular esse comportamento. Por que ainda
é surpreendente o fato de que políticos e funcionários públicos dentro deste
sistema agem exatamente de acordo com as facilidades e estímulos criados por
ele?
Se uma
sociedade possui um sistema de governo no qual seus ocupantes não apenas
possuem um grande poder sobre a vida, a liberdade e a propriedade de terceiros,
como também usufruem a possibilidade de vender a execução desse poder para quem
pagar mais, então é claro que esse leilão ocorrerá. Políticos ficarão com
a propina, e os beneficiados ficarão com o dinheiro extraído do povo.
Se o dinheiro,
o poder e o sadismo fossem removidos da política e do governo, não sobraria
nada além de promessas vazias e ilusões infantis.
Sob esse
sistema desagregador, aquele que para alguns é um escroque, para outros é um
servidor público dedicado. Aquele que para alguns é um patriota, para outros é
um traidor. Pessoas que não pensariam em roubar $ 1 que o vizinho deixou cair
no chão irão defender políticos que quebram todo um país enquanto enriquecem a
si próprios e a seus amigos e apoiadores.
Conclusão
Eis um teste
prático: para ver quão comprometida é uma pessoa com a política do esbulho
alheio, descubra qual programa de governo ela jamais seria contra. Se for algum
relacionado a dinheiro, poder e privilégios, ela é defensora da política do
esbulho.
A democracia
poderia funcionar se fosse puramente um sistema de vetos. Os eleitores poderiam
anular qualquer programa governamental por meio de um voto majoritário. Assim,
ao menos haveria uma chance de o estado ser mantido numa coleira apertada.
Mas tal sistema não seria do
interesse daqueles que vivem do esbulho alheio.
E viver do esbulho alheio
sempre foi a essência da política. Varia apenas a quantidade pilhada e a
filosofia utilizada para justificar a pilhagem.Todo o sistema de esbulho não pode ser reformado por qualquer outro programa senão um profundo corte de gastos. E é por isso que qualquer ideia de corte de gastos imediatamente encontra feroz oposição. Os eleitores que importam — aqueles que são politicamente organizados e, por isso, são premiados com os frutos da pilhagem — não querem isso.
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