BÁRBAROS
INTRA MUROS1 (os bárbaros já se acham dentro do âmbito cercado pelos muros, em
plena civilização, assumindo aspectos, vestindo-se com trajes civilizados, mas
atrás dessa aparência, atuando desenfreadamente para dissolver a nossa
cultura).
De
outro lado, há as disposições prévias corruptivas, que estão em todo ciclo cultural,
e atuam desde o primeiro momento, com maior ou menor intensidade, para destruir
a forma do ciclo que repelem.
Os
elementos ativos corruptores, guiados por uma inteligência, de vontade
maliciosa, sempre souberam aproveitar-se do barbarismo como instrumento para
solapar a cultura. (...)
(...)
Se conhecemos o que faz corromper as coisas e apomos, de modo eficiente, o que
equilibre a destruição, com elementos conservativos, a corrupção final pode ser
desviada para mais distante. Poder-se-á, então, prolongar o ser perdurante por
um tempo não limitado, mas que poderá ser retardado tanto quanto puder aquele
manter-se em equilíbrio entre os contrários.
Pensando,
assim, não é um desejo vão o nosso que pretenda prolongar o ciclo de nossa
cultura. Se ela traz em seu bojo ideais supremos da humanidade, como o império
da justiça, a moderação, a prudência sábia e santa, a coragem moderada e justa,
a elevação da mulher e da criança, se pregamos a igualdade entre os homens,
defendendo o direito de cada um ao lado dos seus deveres, se admitimos que se
deve dar a todos oportunidades iguais, se afirmamos a liberdade e negamos as
algemas e as coações opressoras, se pregamos o amor entre os homens, e o
apoio-mútuo, que fará que cada um ajude ao seu próximo, se desenvolvemos a
ciência, democratizamos o saber e elevamos o padrão da vida humana, se nosso
ciclo, em suma, reúne, numa síntese feliz, tudo quanto de grande anelou a
humanidade, e se ainda não atualizamos tudo o que podemos e devemos realizar,
como, então, desejar a destruição deste ciclo para volver ao dente por dente,
olho por olho, às polaridades senhor-e-escravo, bárbaro-e-culto,
opressor-e-oprimido, fiel-e-infiel?
Se
temos em nossa estrutura cultural, no âmbito das suas idéias superiores, tudo
quanto de maior a humanidade ardentemente sonhou e desejou, como admitir que se
destruiu o que é fundamento para uma caminhada mais promissora?
Que
afastemos o que obstaculiza, que lutemos contra o que desvirtua, que
fortaleçamos o que nos auxilia a marchar para a frente, está bem! Mas
renunciar, demitirmo-nos do conquistado, para volver atrás, isso nunca!
Lutar
pelo nosso ciclo cultural, fortalecer os aspectos positivos para impedir o
desenvolvimento do que é negativo, eis o nosso dever.
Livro
em PDF, aqui
Biblioteca Subversiva: Dicas de livros
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