As reais causas
Há duas explicações para esse
comportamento dos preços praticados pelos postos de combustível.
A primeira — e mais importante
— explicação para este fenômeno não está na ponta final do processo produtivo —
a comercialização, a interação final com o cliente —, mas sim nas demais etapas
do caminho que o petróleo percorre até chegar no seu tanque.
A cadeia produtiva dos
combustíveis consiste basicamente de quatro estágios: exploração, refino,
distribuição e, aí, sim, comercialização.
O problema que irá gerar, lá na
frente, aquele aparente "comportamento desonesto" dos preços,
encontra-se especialmente no segundo: a Petrobrás é dona de 13 das 17
refinarias do Brasil, respondendo por 98% do petróleo refinado (isto é,
transformado em gasolina, diesel, etc.) no país.
O próprio presidente da
Petrobras já veio a público confessar: "Não é bom para o País a Petrobras
ter 100% de monopólio no refino".
E por que não há refinarias
nacionais ou estrangeiras no país para concorrer com a Petrobras?
Simples. Porque para abrir uma refinaria no país você tem de:
1) submeter-se a uma cornucópia de
regulamentações impostas pela ANP, que regula tudo que diz respeito ao setor;
2) A ANP é uma burocracia enorme que
possui, além de sua diretoria, uma secretaria executiva, 15 superintendências,
5 coordenadorias, 3 núcleos (Segurança Operacional, Fiscalização da Produção de
Petróleo e Gás Natural, e Núcleo de Informática) e 3 centros (Relações com o
Consumidor, Centro de Documentação e Informação, e Centro de Pesquisas e
Análises Tecnológicas).
Montar uma refinaria significa
ter de submeter a calhamaços regulatórios impostos por cada um desses
departamentos, o que, por si só, já torna todo o processo financeiramente
inviável.
3) Além da ANP, você tem de se submeter
a calhamaços de regulamentações ambientais, trabalhistas e de segurança. O
arranjo sempre foi montado exatamente para coibir a concorrência à Petrobras.
Pode até ser que mude no futuro, mas não há qualquer indicação disso.
4) Além de tudo isso, estamos no
Brasil, o que significa que você terá de "molhar a mão" de vários
políticos e burocratas caso realmente queira conseguir alguma licença.
5) Finalmente, ainda que um
empreendedor estivesse disposto a encarar tudo isso e realmente conseguisse
abrir refinarias no país para concorrer com a Petrobras, o governo poderia
simplesmente praticar política de controle de preços e reduzir artificialmente
os preços cobrados pela Petrobras, o que garantiria a reserva de mercado da
estatal e inviabilizaria todo o seu empreendimento, trazendo enormes prejuízos.
Essas são as consequências de
se ter todo um setor controlado diretamente pelo estado: total insegurança
jurídica.
Sendo assim, é simplesmente
inviável surgirem novas refinarias. Artigo
escrito por Ricardo Bordin (leia artigo completo aqui)
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