Por George Reisman
O socialismo jamais pode ser aplicado consensualmente. Para o socialismo ser implantado, é
necessariamente indispensável o uso da força.
Por quê?
Comecemos considerando os meios empregados para se alcançar o
socialismo. De imediato, observamos dois
fenômenos que não são dissociados um do outro.
Primeiro: onde quer que o socialismo tenha sido implantado, como na
China, no sudeste asiático, países do bloco comunista e na Alemanha nazista,
métodos violentos e sanguinários foram utilizados para impô-lo e mantê-lo.
Segundo: nos países onde partidos socialistas chegaram ao poder mas se
abstiveram de violência e derramamento de sangue, como na Grã-Bretanha, em
Israel ou na Suécia, eles não implementaram o socialismo de fato, mas
conservaram a chamada economia mista, a qual eles não alteraram radicalmente
nem fundamentalmente. Consideremos as
razões para esses fatos.
Mesmo que um governo genuinamente socialista fosse eleito
democraticamente, seu primeiro ato de governo ao implantar o socialismo teria
de ser um ato de enorme violência, qual seja, a expropriação a força dos meios
de produção. A eleição democrática de um
governo socialista não alteraria o fato de que o confisco de propriedade contra
a vontade dos proprietários é um ato de força.
Uma expropriação à força da propriedade baseada no voto democrático é
tão pacífica quanto um linchamento também baseado no voto. Trata-se de uma violação primordial dos
direitos individuais.
A única maneira de o socialismo realmente ser implantado por meios
pacíficos seria com os donos de propriedade voluntariamente doando sua
propriedade ao estado socialista.
Porém, pense nisso. Se o
socialismo tivesse de esperar que os donos de propriedade doassem
voluntariamente sua propriedade para o estado, este certamente teria de esperar
para sempre. Logo, se o socialismo tem
de ser implantado, então ele só pode existir por meio da força — e força
aplicada em escala maciça, contra toda a propriedade privada.
Ademais, no caso da socialização de todo o sistema econômico, em
contraposição à socialização de uma indústria isolada, é impossível criar
alguma forma de compensação para os donos das propriedades confiscadas. No caso de uma estatização isolada, o governo
pode compensar os proprietários destituídos simplesmente tributando o restante
dos donos de propriedade. Mas se o
governo confisca todas as propriedades, e simplesmente abole a propriedade
privada, então não há nenhuma possibilidade de compensação justa. O governo simplesmente rouba a propriedade de
todos, por completo.
Nessas circunstâncias, os donos de propriedade irão quase que certamente
resistir e tentar defender seus direitos — pela força, se necessário —, e
estariam totalmente corretos em agir assim.
Isso explica por que apenas os comunistas conseguem implantar o
socialismo, e por que os social-democratas sempre fracassam em suas
tentativas. Os comunistas, com efeito,
sabem que têm de ir a campo e roubar toda a propriedade dos homens. E sabem também que, se quiserem ser bem
sucedidos nessa empreitada, é melhor irem armados e preparados para matar os
donos de propriedade, os quais certamente tentarão defender seus direitos (daí
a importância de se desarmar a população para se implantar um estado
totalitário).
Os social-democratas, por outro lado, são hesitantes e acabem sendo
contidos pelo medo de tomar essas medidas necessárias para se chegar ao
socialismo.
Em suma, os fatos essenciais são esses.
O socialismo necessariamente deve começar com um enorme ato de
confisco. Aqueles que querem seriamente
roubar devem estar preparados para matar aqueles a quem eles planejam roubar.
Assim sendo, os social-democratas são meros vigaristas e batedores de
carteira, que se ocupam em proferir palavras vazias sobre o dia em que
finalmente implantarão o socialismo, mas que saem em desabalada carreira ante o
primeiro sinal de resistência oferecido por suas almejadas vítimas. Os comunistas, por outro lado, levam muito a
sério a implantação do socialismo. Eles
são assaltantes armados preparados para matar.
É por isso que os comunistas conseguem implantar o socialismo.
Dentre esses dois, apenas os comunistas estão dispostos a empregar os
meios sanguinolentos necessários para implantar o socialismo.
Portanto, torna-se claro por que todos os livros, palestras e protestos
pacíficos do mundo são incapazes de algum dia implantarem o socialismo: eles
jamais irão persuadir o número necessário de pessoas a doarem voluntariamente
sua propriedade ao estado socialista.
Portanto, todas essas medidas "intelectuais" serão
necessariamente fúteis, pelo menos até o ponto em que tudo descambe em ação
violenta.
A implicação de tudo isso é que, a menos que os marxistas possam se
tornar satisfeitos com a atual situação, assim como os social-democratas
aparentemente aprenderam a ser — com medidas econômicas apenas parciais rumo ao
seu objetivo, tais como a criação e a expansão do estado assistencialista,
regulador e vorazmente tributador —, eles estarão fadados à frustração
permanente. Ao mesmo tempo, aqueles
dentre eles que continuarem comprometidos com a realização do seu objetivo —
isto é, o real socialismo — certamente não irão tolerar tal frustração
permanentemente.
Pela lógica, é de se supor que, em algum momento, quase que
inevitavelmente, eles irão descambar para a ação violenta, pois essa é a única
maneira na qual eles podem de fato realizar seu objetivo.
Tais marxistas, como os socialistas — os sérios e dedicados —, não são
de modo algum intelectuais incriticáveis, mas sim pessoas perigosas e com uma
mentalidade criminosa.
George Reisman é Ph.D e
autor de Capitalism: A Treatise on Economics. (Uma réplica do livro
completo pode ser baixada para o disco rígido do leitor se ele simplesmente
clicar no título do livro e salvar o arquivo). Ele é professor emérito da
economia da Pepperdine University. Seu website: www.capitalism.net. Seu blog
georgereismansblog.blogspot.com.
Fonte: Mises Brasil
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