É comum que, no
ambiente acadêmico nacional dos tempos atuais, tão dilacerado e deformado por
teorias obsoletas e pela ocupação de espaços pelos comunistas, ouçamos, da boca
de estudantes, professores e até mesmo de indivíduos cujos nomes servem como
referência intelectual para determinado assunto, jargões incongruentes que, com
um toque de habilidade retórica, são disfarçados de opiniões convictas acerca
das ideias capazes de promover uma sociedade próspera e livre.
Como todo
debatedor honesto sabe, uma crítica política deve ser composta de três lastros
fundamentais: teórico, histórico e linguístico. Nenhum destes lastros, que tem
como objetivo conferir veracidade aos argumentos, pode deixar de aparecer na
argumentação de um debatedor que deseje que suas ideias expostas tenham
respaldo e sejam tidas como honestas e verdadeiras pelo público. Isto serve não
somente para um debate comum, mas sim para o meio acadêmico como um todo.
O lastro
teórico diz respeito ao conhecimento que se deve ter de uma ideia ao
critica-la. Para criticar uma teoria deve-se primeiramente conhecer a causa da
sua existência, como ela foi criada e para que se destina.
O lastro
histórico concerne ao conhecimento necessário da experiência histórica da aplicação da teoria a ser
criticada. Uma crítica é lastreada pela história quando seu argumentador aponta
o sucesso ou o fracasso da aplicação da matéria criticada em cima de fatos
comprovados, nos apresentando por meio destes fatos os prós e contras do objeto
criticado e justificando sua opinião sobre o assunto com base neste
conhecimento.
Por fim, o
lastro linguístico consiste na apresentação da ideia como um todo e na
expressão da crítica de maneira escrita ou oral. É o mais importante dos três
porque sem o uso dos termos adequados e uma boa argumentação escrita ou
dialética, a ideia ficará confusa, inverossímil e até mesmo, dependendo do que
se critica, desonesta. Sem o lastro linguístico, os outros dois tornam-se
imperceptíveis ao interlocutor.
É importante
ressaltar que se alguma crítica não apresenta nenhum destes três lastros, ela
simplesmente está desprovida de qualquer fundamento argumentativo que deva ser
levado a sério.
Quando me
deparo com um professor ou com um estudante que tem seu repertório
teórico-ideológico moldado pelos ideais comunistas, já me preparo para me dar
conta da ausência de um dos três lastros fundamentais, ou até mesmo de todos os
três, em seu discurso argumentativo, visto que os mesmos montam seus discursos
apenas em cima da dialética, isto é, da arte do bem falar e do convencimento do
interlocutor através da fala.
Não importa o
quão absurdo seja o seu ataque ao liberalismo, ao conservadorismo ou ao
libertarianismo, não importam as expressões sem nexo e incongruentes que o
crítico usa. O que interessa, nesse caso, é apenas ser “do contra” e utilizar
jargões que promovam o efeito mental que se deseja no público e, na maior parte
das vezes, os jargões são profundamente desonestos, mostrando mais ignorância e
desespero do que real conhecimento sobre o assunto por parte dos comunistas. A
profundidade e o conhecimento são pouco encontrados nas suas argumentações.
Um típico
exemplo é o uso desenfreado dos termos “fascista” e “reacionário” para criticar
e rotular liberais. Qual liberal e qual conservador nunca foi chamado de
fascista e de reacionário no Brasil?
Primeiramente,
trata-se de uma crítica sordidamente desonesta. Quem chama um liberal de
fascista sabe que ele não o é, mas faz isso por puro automatismo cerebral
oriundo da convivência diária com deformações ideológicas ou, sendo generoso,
por pura ignorância.
Como um
indivíduo deseja tecer uma crítica ao pensamento liberal se já o rotula
linguisticamente de fascista? A ausência
de lastro linguístico, histórico e teórico é gritante, visto que não há na
teoria liberal nenhuma citação que endosse uma tese fascista, a história de
aplicação do liberalismo não tem absolutamente nada de fascista e o uso de um
termo que denomina uma ideologia coletivista, autoritária e estatista para
denominar outro que significa justamente o contrário é mais que delirante.
O mesmo ocorre
com o termo “reacionário”. De acordo com João Pereira Coutinho, o reacionário é
o “revolucionário do avesso”, ou seja, um sujeito que rejeita o presente e crê
que a salvação está em um passado utópico e romantizado que só existe na sua
cabeça.
O liberalismo e
o conservadorismo da linha britânica defendem que a sociedade seja pautada por
aquilo que se mostrou mais benéfico para o mundo através da experiência. Nesse
caso, podemos afirmar seguramente que o livre mercado, a propriedade privada,
as liberdades individuais e a moral judaico-cristã, tópicos estes defendidos
com veemência tanto pelo liberalismo, quanto pelo conservadorismo, foram os que
passaram no teste da experiência e se mostraram os mais benéficos para o
desenvolvimento e para o bem-estar dos indivíduos.
Portanto, o uso
do termo reacionário para denominar liberais e conservadores também é desonesto
e sem sentido. O que ambos os pensamentos são é prudentes, algo bem diferente
de imaginar um passado utópico e tê-lo como modelo. O comunismo e as demais
ideologias revolucionárias têm um infantilismo tosco de pensar que só porque
algo é novo é bom, só porque algo é “revolucionário” é melhor. A novíssima
Revolução Russa matou em seus primeiros meses mais do que a Igreja Católica
durante toda a inquisição. O comunismo em cem anos matou mais de cem milhões de
pessoas que eram seus próprios governados e em tempos de paz. Apenas uma
veemente defesa dos velhos valores liberais fez com que o campo comunista
desaparecesse da Europa e que milhares de cidadãos europeus conhecessem a
liberdade.
É lamentável
que no ambiente acadêmico do Brasil tais críticas infundamentadas e que
refletem uma ideologia atrasada e assassina sejam proeminentes e tenham
destaque. Isto é a prova de que a desonestidade intelectual sem limites da
esquerda tem respaldo e é aplaudida por aqueles que se dizem intelectuais, mas
em cujas teses e críticas não se encontra nenhum dos três lastros fundamentais
necessários para que elas sejam honestas e verossímeis. São intelectuais
orgânicos no sentido mais Gramscista e rasteiro do termo.
Defender as
ideias que representam a liberdade, a democracia e o progresso não é fascismo e
não é reacionarismo. É apenas estar do lado certo da historia; do lado onde os
indivíduos são um fim em si mesmos e não membros de uma massa coletiva; onde as
pessoas são livres para empreender e realizar seus sonhos e têm, como bem diz a
declaração de independência Americana, certos direitos inalienáveis, como a
liberdade, a vida e a busca pela felicidade.
Rafael Hollanda é estudante de direito
do Ibmec-RJ, membro fundador do Movimento Universidade Livre e fundador da ONG
Ideal Livre.
Fonte: LIBERTATUM
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