Sobre o incrível
causo do homem lésbico hetero-transsexual militante feminista
Do
Facebook:
"Este
relato é sobre minha experiência pessoal sobre pontos específicos no Encontro
de Mulheres Estudantes (EME) que ocorreu em Curitiba este último fim de semana:
O
encontro tinha como propósito a construção de políticas para mulheres
estudantes e seus devidos recortes, com eixos centrais pré-estabelecidos pela
UNE. O espaço era formado por mulheres de várias universidades, coletivos e
feministas autônomas de todo o país. E já era previamente sabido por mim, que
poderiam ter pessoas do sexo masculino auto-identificadas como mulheres, ou
seja, era um espaço trans-inclusivo. E, de fato, isso ocorreu.
Várias
mulheres relataram desconforto em usar o mesmo banheiro e dormir no mesmo
alojamento que uma figura específica que se auto-denominava
"Helena/Luiza/Heloisa/..." (não sei ao certo, parece que flui), uma
"transsexual lésbica". Relataram também, que esta pessoa chegou ao
encontro de barba e calça jeans, e que ao chegar no alojamento, emprestou
roupas (especificamente uma saia) de outras mulheres para usar no espaço e
tirou a barba. Também relataram que este ser era chamado de "Luis" no
banheiro por algumas companheiras. Assim como eu, esta pessoa participou do
grupo de discussão LBT, apresentando-se como mulher transsexual e disse que
estava "se empoderando muito no espaço". Houveram algumas discussões
pontuais neste grupo de discussão, porém, para variar, pouco se falou nas
lésbicas e nas pautas referentes à nós. Inclusive rolou aquelas máximas
lesbofóbicas de que existem mulheres trans lésbicas e que seriam "tão
lésbicas quanto as cis", e as "lésbicas opressoras que não ficam com
bissexuais".
O eixo
central da discussão se tornou como supostamente é um avanço a inclusão
"da diversidade" e de "todos os oprimidos" no feminismo. Em
meio ao debate, essa pessoa se retirou por livre vontade e algumas mulheres
supuseram que era porque "Helena/Luiza/Heloisa" estava desconfortável
com a "transfobia" que estava acontecendo. Ao meu ver, usou da
socialização masculina para manipular mulheres para rivalizarem entre si.
Mais
além, teve um sarau onde este ser estava novamente presente. Ele usou de
deboche e ironia com as lésbicas. Muitas mulheres neste momento começaram a
externalizar seu desconforto em estar presente no mesmo espaço que essa pessoa,
que decidiu continuar provocando e ironizando as lésbicas. Tiveram alguns
confrontos de fala diretos com essa ser, até que ele se retirou do espaço como
"vítima". Mulheres, algumas feministas radicais e outras cujo
alinhamento teórico se diverge, se reuniram para discutir o que concerne ao
desconforto legítimo das mulheres que se sentiram expostas ao usar o mesmo
banheiro que uma pessoa do sexo masculino e dormir no mesmo espaço. Estas
mulheres foram silenciadas, tiveram seus traumas e contestações abafados
porque, supostamente, o "sofrimento de Helena/Luiza/Heloisa" era
muito maior, e tínhamos que "rever privilégios" (nossa quanto útero
opressor junto, minha gente). Fomos abafadas por mulheres militantes de
organizações diversas, que nos acusaram de transfobia e intolerância.
Entendemos
que espaços exclusivos de mulheres tenham que priorizar a segurança física,
emocional e psicológica das MULHERES. E que é incabível que se priorizem, mais
uma vez, pessoas do sexo masculino como toda a sociedade já o faz. Ignorar que
um falo no meio de um banheiro feminino pode acionar diversas problemáticas em
mulheres é uma postura anti-feminista, descuidada e despolitizada.
Já é
sabido que feministas radicais são críticas a noção de identidade de gênero e
que acreditamos que gênero é uma construção social usada para naturalizar a
exploração dos homens sobre as mulheres. Mas não teve feminista radical
agredindo fisicamente mulher trans. Não teve feminista radical expulsando
mulher trans do EME. Não teve feminista radical invadindo todos os grupos de
discussão para dizer que mulheres trans são homens infiltrados no feminismo.
Tiveram MULHERES desconfortáveis em estarem expostas à presença de uma pessoa
do sexo masculino em um espaço que deveria ser confortável à todas. É desonesto
politicamente usar fatos que não verídicos para atacar feministas radicais.
Melhorem.
Muitas mulheres vieram me procurar e outras companheiras que compartilharam do mesmo desconforto (de forma quase clandestina), relatando ter medo de exporem seu posicionamento para não serem acusadas de preconceituosas e transfóbicas. Disseram se sentir coagidas à concordarem com a pauta trans e sentirem medo de serem rechaçadas politicamente. Política do medo é política patriarcal.
Muitas mulheres vieram me procurar e outras companheiras que compartilharam do mesmo desconforto (de forma quase clandestina), relatando ter medo de exporem seu posicionamento para não serem acusadas de preconceituosas e transfóbicas. Disseram se sentir coagidas à concordarem com a pauta trans e sentirem medo de serem rechaçadas politicamente. Política do medo é política patriarcal.
À quem
interessar (já que não é uma pauta mainstream): tiveram várias mães com suas
crias presentes no espaço, mas, infelizmente, pouco vi a pauta das estudantes
mães serem levantadas.
Além
do que já relatei sobre lesbofobia, também tiveram mulheres relatando
desconforto com "lésbicas masculinizadas".
A
reflexão é livre."
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